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Anhanguera e nós

Sei que meus amáveis cinco ou seis leitores já ouviram falar de Anhanguera, não?

O bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, também conhecido nas quebradas como o Bartolomeu, o Feio.

Dá para perceber que o cidadão não era lá muito privilegiado em termos de fachada…

Não, amigos, não.

Não estou falando do Borba Gato que virou estátua na avenida Santo amaro. Esse é outro, um tanto desproporcional como figura em cimento e ladrilho, concordo.

Mas, não é ele, não.

Anhanguera foi o tal que, de olho grande em uma mina de ouro nos cafundós de Goiás, usou um argumento inabalável para convencer os tapuias locais. Que eram invocados e não gostavam de caras pálidas fustigando as suas paragens.

Para acalmar a rapaziada, o bandeirante tocou fogo numa cuia repleta de aguardente (ou coisa que o valha) e ameaçou incendiar os rios e os lagos de toda área e, assim, dizimar a tribo toda de sede.

Na sequência, consta que Bartolomeu, o Feio fez a inevitável pergunta:

“E aí, indiada, é pegar ou largar?

Os tapuias, entre desconfiados e assustados, preferiram não pagar para ver.

Toparam a proposta numa boa.

E Anhanguera e sua trupe fizeram a derrama.

Levaram o ouro todo e, de quebra, algumas indiazinhas que ninguém era santo por ali.

(…)

Uns pelos outros, não sei se mudamos muita coisa ao longo dos séculos.
Se entendermos a TV e os meios de comunicação como “a cuia repleta de aguardente”, qualquer trapaceiro consegue nos iludir fácil, fácil… Ou não?

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