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O ministro, o JN e nós

Ontem o ministro falou à Nação.

Pintou um cenário de horrores e, como se ele nunca houvesse sido parte do troço, disse para ficarmos tranquilos. Eles, os ilegítimos, têm a salvação da lavoura e de todo o resto.

Ontem, o ministro falou à Nação. Foi breve, coisa de cinco minutos, nem isso.

Mas, não sei se a Nação o ouviu.

Desconfio que, por isso mesmo, a televisão repercutiu timidamente o tal pronunciamento.

Preferiu não entrar no mérito da discussão. Como de costume, assumiu-se porta-voz da Tigrada e só trombetear que agora, finalmente, estamos no caminho certo.

Olhem, os investimentos estão voltando.

A Economia dá sinais de estabilidade.

Pegaremos à unha o monstro da inflação.

Logo, logo, não haverá mais desemprego.

Não ouvi panelaços.

Nas ruas e praças, fez-se o silêncio, o silêncio dos cemitérios.

Então, na telinha, para todo o Brazilzilzil, o Willian Boboner não fez a sobrancelha de paladino que costuma realçar quando fala da Lava-Jato.

Um contraponto inimaginável.

Veio a reportagem especial sobre o centenário do Doutor Ulysses, o homem que comandou a Constituinte em 88 e foi o construtor da nossa democracia, da nossa Carta Magna.

A Constituição, com claros avanços sociais, que os ilegítimos pretendem rasgar. Em nome de outros intere$$es.

As imagens daqueles idos – de luta e sonho – me trouxeram a triste convicção de que aquele Brasil não mais existe.

Estava assim remoendo meu desalento. Mas, a Renada Vasconcelos mudou de assunto.

E chamou a notícia sobre os horrores do furacão Matthew na América do Norte e no Caribe.

E assim, em seguida, pudemos ver a novela e o futebol, tranquilos.

Também assim pudemos dormir agradecendo, em nossas orações, o País estar livres dessas e outras tantas catástrofes ambientais.

Plim-plim.

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