SABE O QUE CURA UM CORAÇÃO PARTIDO EM DOIS?
OUTRO CORAÇÃO!
A transcendental questão e sua sugestiva resposta estampam um outdoor às margens da via Anchieta, ali pelo quilômetro 15, e me chama atenção desde o que o vi, há dois ou três dias.
Oxiiii!!!
Não há nenhum produto anunciado.
Também não me parece que seja algo feito por um profissional de publicidade. O cartaz é branco, as letras em tom de rosa não são grandes, nem causam qualquer impacto e há uma maljambrada figura com imagens que não precisei direito qual sejam.
Meus cinco ou seis leitores hão de comigo concordar: não vou parar o carro para tentar decifrar o enigma.
De qualquer forma, não é o outdoor que me chama a atenção e, sim, o enunciado que sugere muita coisa e, ao mesmo tempo, nada diz.
Trata-se de alguém dando um recado para outro alguém, concordam?
Pode ser o fim de um romance, um amor que se esfacelou, que partiu em dois um pobre coração… Que outro coração de uma outra pessoa veio resgatar do charco da solidão.
Aí, a mensagem seria para a tal bem chegada pessoa. Só não sei se ela gostaria de saber que todo esse sentimento só existe no(a) outro(a) como referência ao antigo amor que se foi.
Penso que um novo amor, quando pleno, se garante por si só. Se faz primeiro e único.
Acho, humildemente, que o autor da frase poderia ter feito melhor.
Em todo caso, vamos aguardar os próximos capítulos. Ou melhor, a próxima mensagem (se é que haverá alguma).
(…)
Comento o mistério da frase do outdoor com o amigo que balança a cabeça, em sinal negativo, de quem também não entendeu.
Mas faz a ressalva:
– Prefiro o samba do Cartola.
Pergunto:
– Qual?
E ele cantarola:
“Tive, sim
Tive outro amor antes do seu
Tive sim…”
– Nunca entendi o verso final, diz ele.
E volta a cantar baixinho:
“Tive sim
Mas comparar com o teu amor
Seria o fim
Eu vou calar
Pois não pretendo amor te magoar”
(…)
Claro que já ouvi a canção, só que nunca atentei para a dubiedade da frase final.
O Poeta fez um samba cadenciado, gostosinho de ouvir, mas foi cruel com a nova paixão.