‘Será que nunca faremos senão confirmar
Na incompetência da América católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos
Será, será, que será?
Que será, que será?
Será que essa minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir
Por mais zil anos’
(Podres Poderes – Caetano Veloso)
…
Busco no noticiário o assunto do dia. A inspiração anda em baixa na ensolarada manhã desta terça. Nada que leio me apraz. Nada que leio me sugere a embocadura para o texto de hoje.
Manda o figurino do bom jornalismo (ao menos aquele que se fazia na longínqua era pré-internet) que este era o momento adequado para listar os assuntos em questão.
Sinceramente, não me sinto encorajado para sequer citá-los. Alguns nomes me causam ascos, alguns temas são recorrentes – e não quero me fazer repetitivo.
Levem em conta, por favor, que sou um senhor de idade provecta, andado e experimentado no rala-e-rola da vida. Que já viu muita coisa, faz que se esqueceu de outras, não se surpreende com lorotas e malfeitos, e vive como qualquer um de nós o desencanto com o Brasil de agora.
Qualquer dúvida abram um portal dos tantos que temos à disposição – e tirem as próprias conclusões.
…
O que mais tenho ouvido, por esses tempos, é o desejo de alguns muitos amigos e conhecidos de se mandar deste País que, um dia, se projetou como morada do futuro.
Não lhes tiro a razão.
Também não consigo argumento qualquer para convencê-los a ficar.
É mesmo um desassossego.
…
Porém, e sempre existe um porém (como ensinou Plínio Marcos) …
Nessa altura do campeonato e da crônica, não quero deixar meus ilustres cinco ou seis leitores na desesperança.
Não é do meu feitio. Não convém aos brasileiros de boa-fé.
Assim lhes deixo como mensagem os versos da canção de Caetano e faço coro ao baiano em meu humilde alinhavar de letrinhas:
‘Eu quero aproximar
O meu cantar vagabundo
Daqueles que zelam
Pela alegria do mundo
Indo mais fundo
Tins e Bens e tais…’