O locutor de rádio me informa:
Morreu Roger Moore, ator britânico que protagonizou 007 em sete filmes.
A partir da notícia, o locutor abre a enquete junto aos seus caríssimos ouvintes:
“Para você, amigo, quem foi o 007 da sua vida? ”
Sean Connery ou Roger Moore?
Não sou um ouvinte cativo da emissora, mas sou instado a pensar no assunto. Tenho lá meus motivos.
Roger Moore, eu o vejo nas telas desde o tempo de menino quando interpretou Ivanhoé, o herói de capa e espada numa série de TV que fez algum sucesso no Brasil. Foi em fins dos anos 50 e a produção adaptava o romance (1819) de Walter Scott para o público infantil.
Se bem me lembro, por aqui, era exibida na TV Record.
(…)
Mais crescidinho assisti, com o encantamento devido, aos primeiros filmes da série de 007, com roteiros inspirados nas obras de Ian Fleming. Entre o pioneiro Sean Connery e Roger Moore, não sei quem escolher. De todos os filmes que vi, a cena que me é inesquecível é a da bela Ursula Andrews saindo do mar em “O Satânico Dr. No” (1962).
Aqui, o 007 ainda era o Sean Connery.
Preciso, no entanto, fazer justiça a Roger Moore.
Diria que eu me inspirava descaradamente no jeito, olhares e xavecos que ele exibia no personagem Simon Templar, por ele interpretado também em uma série de TV denominada “O Santo”.
Roger era talhado para fazer o detetive de personalidade dúbia (oscilava em colaborar com a Justiça e, vez outra, escorregar para breves trapaças). Era um bon vivant e se dava muito bem com as mulheres. Tudo no maior estilo e elegância.
(…)
Devia ter uns 14, 15 anos quando esta série passou no Brasil, nas noites de sextas-feiras. Ainda hoje, lembro uma cena em que uma mulher toda sensual vai pra cima de Simon/Roger – e ele, por pura estratégia, se esquiva.
A moça, então, diz:
“O que foi? Está constrangido? ”
E Simon/Roger, dissimulado, responde:
“Desde os 14 anos que mulher nenhuma me inibe. Só que a iniciativa é sempre minha.”
Dito e feito, o homem parte para o ataque.
(…)
Do lado de cá da telinha, só com minhas ilusões, decidi ingenuamente:
“Não posso mais vacilar. É assim que tem que ser.”
Se cumpri a promessa?
Sinceramente, melhor perguntar lá… no posto Ipiranga.