Elas me perguntam sobre o que escreverei neste 12 de outubro quando se reverencia os 300 anos de aparecimento de Nossa Senhora Aparecida nas águas do rio Paraíba.
Não contei as amigas/leitoras, Clarice e Adriana, que embarco amanhã para uns dias de estio, bem longe daqui – e que só voltarei ao nosso cotidiano blogar lá pelo dia 16.
– Uma história bem bonita – me pede a Clarice, como se fosse eu um profundo conhecedor desta bela história.
II.
Fico sem jeito de lhes frustrar as expectativas.
E improviso ali o resumo do que considero a primeira grande demonstração de solidariedade a nós oferecida pela Padroeira do Brasil e dos brasileiros
Permitam-me me antecipar à data e às celebrações para transcrevê-lo a seguir.
III.
O plantio de café se implantou no Brasil a partir de grandes fazendas no Interior de São Paulo. Mais especificamente nos arredores da divisa do Estado como Minas e o Rio de Janeiro.
Um lugar de paisagens ainda hoje lindíssimas, emoldurado pelas serras da Mantiqueira, do Mar e da Bocaina.
IV.
Ali, existiam grandes fazendas – e o cultivo da terra e a cultura dos tropeiros são ainda hoje parte do patrimônio imaterial não só daquela região, hoje conhecida como Vale do Paraíba; mas de todo o País.
(Não preciso dizer, mas digo, que o nome vem do rio Paraíba que, sinuosamente, corta todo o vasto território.)
Essas propriedades eram tocadas pela mão de obra escrava. Com toda a tragédia que isto representou para nossa História.
V.
Pois então…
Os negros tentavam escapar, aos bandos, desta inominável exploração.
Quando detectavam uma oportunidade tentavam a fuga.
Subiam montanha acima para escapar dos capatazes e caçadores de escravos tão comuns à época, pois eram indenizados por ‘fujões’ que recapturassem.
VI.
Depois de presos e apresentados ao fazendeiro, os negros eram reencaminhados à senzala; não sem antes passar pelo tronco e a chibata.
Identificado o líder do grupo, este era impiedosamente decaptado – e os restos mortais jogados no Rio Paraíba.
VII.
Aliás, foi nas águas deste rio que, no ano de 1717, humildes pescadores recolheram, em sua rede, a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Primeiro, encontraram a base da santa imagem.
Ficaram desconfiados.
Jogaram de novo a rede – e, nela, recolheram a cabeça da Padroeira.
Que assim, desde sua primeira aparição, já demonstrou do lado de quem sempre esteve – e estará… Dos oprimidos, dos humildes, dos que lutam por um mundo melhor, a começar pelo nosso Brasil.
Clarice
7, outubro, 2017Obrigada amigo. Perfeito, como sempre. E, Valei-nos Nossa Senhora!!!