Travessia do Creek
Talvez para que eu não caia na tragédia brasileira de cada dia, e instada pela crônica que ontem postei, a amável leitora me escreve para que comente outras impressões de minha passagem por Dubai, nos Emirados Árabes.
Diz que está de viagem marcada para lá, no fim do ano, e me pede algumas indicações de passeios e coisas do gênero.
Não sou lá um turista modelo, aviso logo. Mesmo assim, tentarei ajudar a moça no que estiver ao meu alcance.
II.
Há um provérbio (ou dito popular, nunca sei distinguir um do outro) que consagra: a primeira impressão é a que fica.
Pois então…
Minha primeira – e sincera – impressão de Dubai foi bem embaçada.
Explico.
Assim que pus os pés fora do aeroporto, senti o tamanho do calor e, no ato, as lentes dos óculos embaçaram.
Tomei um breve susto.
Mas, logo entendi que o bafão abrasador é marca registrada da cidade e teria que aprender a conviver com ele, enquanto estivesse por ali.
Detalhe: não importa o período do dia ou da noite. Se não estiver no ar condicionado dos ambientes fechados, não há escapatória. A madame vai suar um tantinho.
Prepare-se, pois…
III.
Dubai é a cidade dos contrastes. E, sem cerimônia, olha firmemente para o futuro.
Aposta no turismo ao juntar a arquitetura arrojada – e impressionante – de portentosos edifícios e o luxo de hotéis e empreendimentos com a milenar cultura local.
Aos olhos curiosos dos turistas, a sensação que tive é que a tal alquimia funciona. Encontram-se levas e levas deles seja na parte mais tradicional como os arredores do Canal Creek (onde ficam o Dubai Museum, a Rua do Ouro, as lojas de roupas típicas e o mercado de especiarias) como nas áreas mais sofisticadas da cidade, especialmente a região das praias, a tal Jumeirah Beach.
É ali, por sinal, que se encontra o mais luxuoso hotel do mundo, o Burj Al Arab.
Um esplendor. Só não me estenderei no assunto, pois só passei em frente do dito-cujo. Não tenho ‘bala’ para outras trave$$uras.
IV.
Aliás, a grife de “o maior do mundo” parece ser marca registrada do lugar. Lá estão também o maior shopping do mundo, o Dubai Mall (em torno de duas mil lojas), o prédio mais alto do mundo, o Burj Khalipha (828 metros de altura) e o maior porto do mundo, o Port Rashid.
Óbvio que são passagens obrigatórias para quem visita a cidade (até porque o complexo do Dubai Mall inclui outras tantas atrações como o Aquário, as fontes dançantes, a entrada do Burj Kalipha e alguns dos principais restaurantes).
Ei, leitora! Reserve um fim de tarde e noite para andar por ali. Mas, sinceramente, não espere maravilhar-se.
É legal, mas nada tanto assim…
V.
Antes de encerrar, acho procedente fazer um relato pessoal sobre minha ida à uma das praias da região de Jumeirah.
Era uma praia artificial dotada de boa infraestrutura com bares, restaurantes e luxuosos hotéis.
Cheguei por volta do meio-dia.
Pensava ficar por ali umas três ou quatro horas, só no deleite.
Mas, não resisti mais do que 30 minutos.
O calor era insuportável (ao menos, para mim).
O ar era quente.
A água, idem
A areia, quentíssima.
Pior é que nem havia um sol estalado no céu azul-acinzentado ou cinza-azulado (típico de Dubai).
Tanto fazia estar debaixo ou fora do guarda sol.
Foi um suadouro – e um desconforto – sem fim.
Mesmo com protetor 60, a pele ardia que só.
Achei que fosse derreter.
VI.
Olhei ao redor.
A turistada ia e vinha na maior tranquilidade. Como se nada tivesse sentindo. No maior lazer.
Desconfiei que estava tendo um escaldante piripaque.
Resolvi não pagar pra ver.
Me arrastei até o calçadão, peguei um táxi e voltei para o hotel (e o ar refrigerado). Tomei dois litros de água e dormi a tarde toda…
Nunca esquecerei o dia em que me senti dentro de um forno.
*Fotos: arquivo pessoal
O que você acha?