Alguém me disse que a vida é como um soneto …
Que as rimas não são obrigatórias.
Basta que o enfileirar de palavras flua naturalmente e que, por si só, dê ritmo e sentimento ao que se diz …
Caminhava pela praia quando recordei desta conversa que se perdeu no mais antigo dos anos.
Divagações soltas, lembranças, pensatas …
E alguns remorsos.
(…)
Se o sr. Destino não tivesse lhe pregado tantos falsetes …
Se alguém tivesse lhe dado um sorriso; no mínimo, um acolhedor bom dia …
Se percebessem que o nome dele não estava na lista de convidados …
Se aquela noite, na mesa do bar, prestassem mais atenção no que tentava dizer …
(…)
Se, no dia seguinte, a manhã não estivesse assim tão ensolarada como a zombar de sua tristeza…
Se não se sentisse tão só que, aliás, a gente, indiferente, sempre pensou que fosse um jeito calado de levar a vida…
(…)
Se pudesse acreditar que, a qualquer horinha distraída, os bons tempos (e ela) estariam de volta…
Se não se enxergasse assim tão excluído de tudo e por todos…
Se aquela uma mulher não fosse como a própria lua…
(…)
Ah, se não fosse tanto e tamanho o “se” a embaralhar pensamentos e aniquilar vontades e desejos…
Talvez…
Eu disse: Talvez…
Talvez, ele ainda estivesse aqui.
Porque – ensinou o Poetinha – são demais os perigos dessa vida…
(* foto: wilson luque)
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