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Xeque-mate no trabalhador

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Não me pergunte por quem os sinos dobram.

Eles dobram por ti.

(…)

A clássica citação ganhou notoriedade e é atribuída a Ernest Hemingway.

Foi o saudoso amigo Zé Jofre quem chamou minha atenção:

– Não é de autoria do Hemingway, não.

Zé Jofre não sabia – porque infelizmente não viveu para conhecer o Google –, mas a expressão pertence ao poeta renascentista John Donne.

Na velha redação de piso assoalhado e grandes janelões para a rua Bom Pastor, Zé Jofre gabava-se de ser autodidata e saber mais do que os jovens repórteres com diploma universitário.

Era uma provocação, sim – e também um aprendizado para nós.

Foi dele a explicação para o motivo que teria levado Hemingway a resgatar o pensamento esquecido pelos escaninhos do tempo.

O escritor estava sinceramente decepcionado com tudo o que observava ao seu redor.

Já naqueles idos esse mundão girava que girava de mal a pior.

– Era um depressivo, dizia Zé Jofre. – Mas, tinha lá suas razões.

Ando saudoso do amigo Zé Jofre, é bem verdade.

Agora, por favor, não me entendam mal: longe de mim, querer comparar-me a tão ilustre personagem da Literatura universal, mas tenho lá meus motivos para estampá-la (a citação) hoje por aqui.

(…)

Entrou em vigor a Reforma Trabalhista.

Deveríamos vestir luto – e sair às ruas e praças.

Trata-se de um trágico retrocesso nas relações trabalhistas, com a perda de legítimos direitos para o chão de fábrica.

Uma vitória da Tigrada e de seus cupinchas que hoje comandam toscamente o País.

(…)

“Tim-tim”

Brinda o patronato que, em nome de uma pseuda modernidade, quer mesmo arrancar o couro da rapaziada que dá duro por uns trocos pra sobreviver.

Valeu o combinado.

Ou alguém aí, do outro lado da telinha, imagina que era uma luta para o bem do Brasil todo aquele furor cívico da Fiesp e demais entidades e associações que representam os setores empresariais e financeiros?

Quem, da massa trabalhadora, foi à Paulista e/ou bateu panela caiu no conto.

O impeachment, o Golpe, o Ilegítimo e a bandalha que o acompanha tinham claras intenções.

Aos poucos, a truculência se impôs – e  impõe – ao bem comum.

(…)

A Reforma Trabalhista é um dos passos.

Outros já conhecemos bem; a impunidade aos mandachuvas, as malas de dinheiro, a proposta pelo trabalho escravo, a precarização do sistema educacional, a Reforma da Previdência, a entrega do Pré Sal…

(…)

Somos as nossas escolhas.

Pagamos pelos nossos equívocos.

O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons, disse Martim Luther King em seu famoso discurso.

Outra de Hemingway:

Nenhum homem é uma ilha isolada

(…)

E aí, rapaziada, quando é que essa cuíca vai roncar?

Olhe o vacilo…

(*foto: jô rabelo)

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