E quando nós saímos era a Lua
Era o vento caído e o mar sereno
Azul e cinza-azul anoitecendo
A tarde ruiva das amendoeiras
E respiramos, livres das ardências
Do sol, que nos levara à sombra cauta
Tangidos pelo canto das cigarras
Dentro e fora de nós exasperadas
Andamos em silêncio pela praia
Nos corpos leves e lavados ia
O sentimento do prazer cumprido
Se mágoa me ficou na despedida
Não fez mal que ficasse, nem doesse
Era bem doce, perto das antigas
*“Soneto”, de Rubem Braga, inspirado em Tônia Carrero, a notável atriz que ontem nos deixou. Eles viveram um atribulado romance. Conta-se que o jornalista era desperadamente apaixonado por Tonia que, dizem, inspirou dezenas de crônicas. Certa vez, Rubem a levou para o aeroporto e, antes que ela partisse, lhe mostrou um texto a ser publicado no jornal do dia seguinte. Era lindo, afetuoso, mas Tônia deu de ombros, desconfiada: “Que nada, Rubem, você escreve para toda mulher bonita que encontra…”
O que você acha?