Que país é esse, amigo?
Quanta insegurança…
Para onde esse tempo vai nos levar?
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Recebo o questionamento no e-mail.
Olho as ruas silenciosas na manhã deste domingo.
Mas, sinceramente, não sei o que lhe dizer, amiga.
Sei que, vez ou outra, você me honra com sua visita ao Blog.
Por isso, ouso lhe dar uma resposta por aqui.
Saiba, moça, que será também uma resposta a ser dada a mim mesmo.
Sou um poço de dúvidas sobre o Brasil hoje. Melhor seria dizer,sobre o Brasil de alguns anos para cá.
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Como uma reivindicação legítima – a dos caminhoneiros autônomos, de redução no preço do óleo diesel – se avoluma e transforma-se num grande desvario que assola toda a sociedade?
Tento explicar:
Um)
Tem a ver com a tibieza do Presidente Ilegítimo e sua trupe que tomou para si o rumo da Nação?
Perderam a noção e o respeito ao povo.
Dois)
Outros pontos corroboram para o descontrole – a crise de representatividade, o momento eleitoral de ampla e profunda e aterrorizadora indefinição (pode acontecer de tudo nas próximas eleições, inclusive não acontecer), a Economia em cacos, o desemprego, o aumento da intolerância, a radicalização dos militaristas, a falta de expectativas, enfim…
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No entanto, o que me chama mais atenção é a total descrença em nossas instituições; sejam elas quais forem (Aqui, perdoem-me as exceções que devem existir, mas não as conheço, eu generalizo – e não faço distinção).
É esta bruta falta de confiança nos homens e na tal Ordem Pública que põe em xeque nossa esperança. Que causa, em consequência, um enorme vazio em toda a sociedade.
É neste sombrio oco do mundo que se expandem os setores mais conservadores e intransigentes. Que apostam na volta dos militares , no Golpe sobre o Golpe. No retrocesso. Que ameaçam e insuflam na arriscada tentativa de cancelar as eleições de novembro – e, a partir daí, impor um novo/velho regime ditatorial.
Temo pelo pior.
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Amiga, vou lhe confessar.
Não gosto desta frase “Que País é esse?”.
Sei, sei, virou um hit dos anos 80 para a moçada. Um roquezinho nativo que escancara a indignação de nossa gente.
Pois então…
A expressão nos é recorrente desde os tempos obscuros do Governo Geisel – este mesmo que os arquivos dos Estados Unidos documentam estava ciente das torturas e mortes naqueles idos nos porões dos quartéis e nada fez para impedir as atrocidades.
É este tempo que sei não queremos de volta.
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Seu autor, amiga, você deve saber, não está entre os talentosos integrantes dos Paralamas ou é qualquer outro dos nossos notáveis compositores. Seu autor foi o então presidente da Arena, senador Francelino Pereira, ao tomar conhecimento que o general-presidente de plantão pretendia fechar o Congresso e por um fim drástico ao anunciado processo de abertura democrática.
Só esta lembrança do que aconteceu em 1976 basta para me perturbar.
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Em algum momento, tenho certeza, eu, você e outros tantos da nossa geração conclamamos aos quatro ventos:
Ditadura Nunca Mais.
Tenha ela a matiz ideológica que tiver.
Estar vivendo esses dias, minha cara, não vislumbrar qualquer saída (que não seja o aeroporto) é por si só um amargor, uma grande sombra que tende a toldar o futuro do tal Brasil de todos os brasileiros.
O que você acha?