Começou o horário eleitoral na TV.
Não pretendo acompanhá-lo, menos ainda recomendo que o façam.
É pura chateação.
Nada esclarece. Confunde.
É notória a má fé das peças publicitárias na condenável tentativa de ludibriarem o incauto eleitor.
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Entendo que deveria ser extinto – e dou de barato que ninguém reclamaria a não ser, óbvio, os próprios candidatos, os partidos e os marqueteiros que se locupletam e fazem fortuna com tal expediente.
Ademais, penso que tal reserva de espaço põe em risco a equanimidade da disputa entre os pleiteantes aos diversos cargos. Inclusive, e principalmente, o de presidente da República.
Ao menos neste período que precede o primeiro turno há uma abissal discrepância entre o tempo que será destinado a este ou aquele e não ao outro e aquel’outro.
Não há no mundo nação contemporânea que se valha de tamanho absurdo para “promover” o discutível processo eleitoral que ora vivemos.
(…)
De outro modo, alertam-me os entendidos em ciências políticas que esta eleição será decidida no bate-bumbo das famigeradas redes sociais.
Não duvido.
Acho até bem possível.
Hoje em dia, tudo parece ser e acontecer nas quebradas do universo digital.
(…)
Dizem-me que mesmo os tais e quais programas da propaganda gratuita da TV, assim como todo o noticiário que produzem as assessorias dos candidatos, só terão pleno êxito se repercutirem entre os mais comentados no twitter, no insta, no face e bugigangas afins.
Será?
É aqui que o mar irá se abrir – e se dará o almejado milagre da travessia?
(…)
Eu, hein…
Prefiro ausentar-me do bololô.
Ainda não me decidi em quem votar.
No entanto, sei muito bem em quem não votar.
Ou seja, em todos aqueles que, direta ou indiretamente, apoiaram o Golpe que pôs a nocaute a tenra democracia brasileira.
É uma postura minha como eleitor. Cada qual com o seu olhar, cada cabeça uma sentença.
Simples assim.
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Apesar de que, cá com os meus botões, confesso um (in)certo temor de que essas eleições podem ainda não acontecer.
Os senhores da Casa Grande – que deram respaldo à turba que se aboletou no Poder desde o impeachment – não andam assim, digamos, tão certos da vitória.
Não se sentem à vontade com a candidatura de Bolsonaro, de caráter ultra reacionário e obscurantista que resiste a pontuar e bem nas pesquisas de intenção de votos. Não por ele estar orgulhosamente à direita da direita. Mas simplesmente porque o homem é imprevisível, sujeito a chuvas e trovoadas.
(…)
Por outra, os senhores também olham alarmados para a possibilidade de outra eventual derrota de um de seus presidenciáveis confiança (Alckmin e Meireles) para outro representante da esquerda (Ciro, Haddad ou Boulos). Seria a quinta consecutiva (duas para Lula, duas para Dilma) que a voz dos grotões do Brasil lhes impingiria como contundente fracasso eleitoral.
Convenhamos: os atávicos Donos do Poder não armaram tamanho circo para agora entregar de mão beijada o cetro, a coroa e todos os interesses que defendem (precarização do trabalho, reforma da Previdência, manutenção do status quo, conivência com o mercado internacional, apoio aos empresários rentistas e cousa e lousa e mariposa).
(…)
Por enquanto, a tigrada esfrega as mãos, com ares de democratas. Finge não acreditar que qualquer um dos três possa chegar ao segundo turno.
Olha para Dona Marina, a que apoiou Aécio e o impeachment, como uma remota possibilidade, o fiel da balança.
Mas, sabe-se lá…
Sei não, Brasil, sei não.
Aliás, ninguém sabe…
O que você acha?