Dessas coincidências que não se explicam.
Mas, fazem pensar. Especialmente num momento como o que hoje vivemos.
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Morreu ontem em São Paulo – no exato dia em que se completa 50 anos da promulgação do famigerado AI-5 -, a advogada Eunice Paiva, viúva do jornalista e deputado Rubem Paiva, assassinado pela ditadura militar em 1971.
Paiva era um ferrenho defensor da legalidade – e, desde abril de 1964, se opôs ao Golpe que derrubou o então presidente João Goulart da presidência, com artigos e um célebre discurso no Congresso.
Historiadores atribuem às palavras de Paiva o endurecimento do regime e a consequente implantação do AI-5.
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Paiva foi preso em 20 de janeiro de 1971. Esta na casa, no bairro do Leblon, onde morava com a esposa e os filhos.
O corpo do deputado nunca foi encontrado.
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A partir de então, a professora de Letras, Eunice Paiva, formou-se em Direito para defender as causas democráticas e cidadãs. Como mote dessa saga, lutou para esclarecer o que verdadeiramente aconteceu ao marido naquela que foi uma das páginas mais tristes da nossa História.
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Recolho nos jornais de hoje o depoimento do escritor Marcelo Rubem Paiva sobre a mãe:
– Ela sempre tinha uma opinião que me surpreendia e que era muito mais sábia à que eu tinha. Uma sabedoria que me surpreendia, uma lucidez e uma forma de perdoar. No dia que Fernando Henrique assinou a lei de reconhecimento dos desaparecidos ela deu um abraço a um general. Um abraço que o Brasil todo se surpreendeu ao ver alguém que estava tentando cooptar aquele que no passado era inimigo dela para as causas de democracia liberdade e futuro do país.
– Ela vai fazer muita falta ao Brasil de hoje.
O que você acha?