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Nova York, Nova York…

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Faz dois, três anos que venceu meu visto de entrada para os Estados Unidos.

Um perrengue renová-lo.

O dólar nas alturas.

A economia por aqui, em frangalhos.

Uns teretetês de saúde que enfrentei – e ainda não me dão lá aquela segurança necessária pra cair no mundo.

E tem o Trump que, por si só, vamos combinar, é desanimador.

Essas por aquelas, resumo da ópera:

Nova York, por enquanto, sem chance.

Sem chance aquela sensação gostosa de sentir-se no centro do mundo.

Os volteios pelo Central Park.

A passadinha na Broadway.

Dar uns perdidos pela Quinta Avenida.

Imaginar-se personagem de um dos filmes de Woody Allen.

Posar de cidadão contemporâneo que sabe o que quer da vida embora seja sempre aquele garoto suburbano do bairro operário do Cambuci.

Enfim – e por fim…

Essas e outras veleidades tolas, tanto e portanto, estão adiadas sine die.

Não reclamo.

É da vida e dos amores.

Fazer o quê?

Como consolo,  tenho a foto que o amigo Wilson Luque fez em sua recente estadia por lá.

(Bela e artística imagem.)

Murmuro trechos do soneto do Mauro Salles, chama-se ‘Nova Iorque’:

(A cidade brilha nas paredes molhadas

E à noite homens passam correndo

Nas esquinas sem nome

Nas ruas, muros

Nos letreiros, luzes

Nas vitrinas, cifras

Nas calçadas, povo

Mas tudo tão frio

Na cidade

Jovem loura distraída

Por que é duro o vosso olhar?)

E…

Vocês sabem: tenho uma tendência a ficar imaginado coisas.

Então, completo a cena com a voz de Frank Sinatra em uma das suas mais belas interpretações.

Por incrível magia, me vejo quase lá…

 

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