Que triste coincidência!
Escrever sobre o falecimento de João Gilberto neste sábado à noite me faz lembrar outras noites de sábado no mais antigo dos anos.
Era eu um garoto sardento, o Tchinim.
Na sala, a família reunida diante da paquidérmica TV Invictus, 21 polegadas, aguardava os sucessos musicais da semana. As canções da moda e seus intérpretes desfilariam pelo programa Astros do Disco com o comando do apresentador-galã Randal Juliano.
Eram noites de gala, registre-se.
No palco, os homens trajavam smoking e as mulheres, vestido longo.
Em casa, tínhamos, cada um de nós, nossa torcida por esta ou aquela canção.
Tchinim, por exemplo, encantou-se assim que viu pela primeira vez aquele moço tímido cantar e tocar violão tão docemente como nunca vira antes alguém tocar violão e cantar.
Havia ali um mistério, um dom, um encantar-se.
“Chega de Saudade”, o sucesso daquele rapaz, o arrebatou de tal forma que Tchinim, então com oito anos, mesmo crescido nunca mais esqueceu aquele alumbramento.
E olhem que lá se vão seis décadas…
Desde então passou a acreditar que viver sem música seria mesmo um grande equívoco.
Obrigado, João!
O que você acha?