Foto: Jô Rabelo
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Os amigos conhecem o Joãozinho, aquele personagem que sempre aparece nos causos de garotos que aprontam?
Pois então.
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A família do Joãozinho, com o pilantrinha a tira colo, foi ao circo mambembe recém chegado à cidade.
Escolheram um bom lugar – e esperaram felizes e tranquilos, o começo do espetáculo.
Estavam um tanto distante do picadeiro.
O que fez o Joãozinho?
Saiu sorrateiro, sem que os pais percebessem, foi se pôr ali, bem juntinho aos camarotes, diante dos artistas.
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Detalhe: ali, próximo ao lugar onde estava o nosso amiguinho, também se montou a jaula do feroz leão. A ser devidamente instado a chicotadas por um domador gringo de renome internacional.
Muito bem…
Como há dias que são do caçador e outros que são da caça, neste exato dia, pura coincidência, não era o dia do domador e, sim, do leão. Que, aos urros, o derrubou com uma patada, destruiu a improvisada jaula e ficou solto a andar de lá pra cá, de cá pra lá, pelo picadeiro e as primeiras fileiras.
A plateia, quando previu o desenlace da cena, se mandou para bem longe.
Só o incauto Joãozinho que, preso entre dezenas de cadeiras derrubadas e um tanto extasiado pelo imprevisto da cena, ficara por ali dando bobeira.
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O leão a urrar ameaçador. Sem saber bem o que fazer com a repentina liberdade.
Joãozinho ali estático, como se não fosse com ele.
O domador inerte, desacordado.
Que cenário!
E a turma, lá longe, bem segura, a gritar desesperada:
“O leão vai comer o Joãozinho.”
“O leão vai comer o Joãozinho.”
“O leão vai comer o Joãozinho.”
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Estavam nessa gritaria delirante.
Tanto berravam que, finalmente, Joãozinho despertou do torpor e tratou de achar um caminho para sair dali, tão sorrateiramente quanto ali chegara.
Antes, porém, tratou de implorar silêncio aos fujões.
“Pessoal, por favor, deixa que o leão escolha. Faça o que é da vontade dele. O domador tá de bobeira ali.”
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Recupero essa historieta aqui no Blog para responder aos amigos apaixonados por futebol, como eu, que pedem um panorama do que acontece hoje no futebol brasileiro, especialmente o papel do jornalismo esportivo em meio a tanto diz-que-diz.
Sinceramente, não tenho lá uma opinião formada a respeito.
Penso – como diria o Mano Menezes, técnico do meu Palmeiras – que a mídia esportiva, especialmente o rádio, a TV e agora a internet, sempre funcionou assim, algo alarmada e alarmante, como a plateia do circo.
Tentam consagrar a verdade da vez, o boleiro da vez, o time da vez. Para o bem e para o mal.
Assim condicionam a opinião pública a pensar assim, assado e/ou acossado.
É só uma impressão a partir dos meus anos e anos de janela nas coisas do Planeta Bola.
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Querem exemplos?
“O Santos de Sampaoli é o melhor time do campeonato.”
“O Palmeiras, do Felipão, joga feio, mas será o campeão.”
“O Flamengo, do português Jorge Jesus, é imbatível.”
“O VAR é fundamental. Vai acabar com as injustiças.”
“O VAR é péssimo. Só atrapalha o andamento do jogo e erra mais do que acerta.”
E por aí vai…
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O melhor do futebol é o fato de ser um esporte apaixonante e imprevisível. Que tem o Sr. Imponderável de Almeida (criação do grande Nélson Rodrigues) como amo e senhor de quase todos os destinos.
Não há ciência. Menos ainda uma verdade absoluta.
Cada um de nós forja lá a própria opinião. A partir do time pelo qual torcemos.
Concordam?
Inclusive, muitos jornalistas e palpiteiros.
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De resto, é papo de boteco.
A diferença é que alguns são transmitidos pelo rádio ou pela TV.
O que você acha?