Foto: Reprodução/You Tube
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Já escrevi aqui uma, duas, um punhado de vezes sobre um título de duas páginas de uma antiga enciclopédia que o pai me deu e serviu de inspiração para que escolhesse a profissão que escolhi alguns anos depois:
“Jornalismo, a expressão do pensamento social.”
Na universidade – primeiro, como aluno; depois como professor – fui tropeçando em outras definições que, ainda que modesta e silenciosamente, me enchiam de orgulho:
“O jornalista é o historiador do cotidiano.”
“O jornalista é o mediador das demandas sociais.”
Há outras tantas e tamanhas.
Recentemente, inspirado numa coluna do saudoso Cláudio Abramo, escrevi um artigo para o Jornal da USP, com o título:
“Jornalismo é caráter.”
Posso andar descrentes com o que acontece em muitas redações, mas nunca com o jornalismo e o papel preponderante que tem neste mundo atulhado em zilhões de informações e outros oceanos de fake news.
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Isto posto, vamos ao fato do dia.
Todo esse meu blablablá inicial, os meus amáveis cinco ou seis leitores já devem desconfiar o real motivo.
(Inclusive pela foto que ilustra o Blog.)
Recebo algumas mensagens de amigos e/ou ex-alunos para que eu comente a deplorável agressão do jornalista Augusto Nunes a outro jornalista, o americano Gleen Greenwald, durante o programa Pânico, ontem, na rádio Joven Pan.
Caros, só tenho a lamentar. Profundamente.
Um dos pilares da profissão é o respeito às ideias contrárias, às individualidades, às todas diferenças e ao bem comum.
Quando perdemos essas referências, o equilíbrio, a isenção, pode ser tudo. Menos jornalismo.
Daí que…
… Lembram o meu post de ontem sobre alienígenas invasores e outros monstrengos afins.
Pois é, companheiros.
Juro que não fiz de propósito.
Mas, ao que parece, essa usurpação pode também ter acontecido na hoje frágil seara da Imprensa.
Por que não?
Tem cada figura!
Até porque como diria o Manolo, açougueiro do meu tempo de criança na rua Muniz de Souza, que embrulhava a carne nas páginas de jornais:
“Yo no creo en brujas pero que las hay las hay…
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No Blog do Sakamoto, há análise precisa deste deplorável fato:
“Ver um jornalista agredindo fisicamente um entrevistado é uma cena deprimente. Coloca em xeque a credibilidade do profissional, da equipe do programa e da própria emissora, que emitiu uma nota na qual pede desculpas a Glenn. Mas tão deprimente quanto é ver a reação selvagem de quem não gosta do editor do site The Intercept Brasil por conta de sua cobertura crítica ao governo Jair Bolsonaro. Ou de quem ficou irritado com a divulgação dos diálogos que expõem os bizarros mecanismos usados pela força-tarefa da operação Lava Jato e pelo então juiz federal Sérgio Moro. Sim, a cena juntou o naco mais agressivo de bolsonaristas e lavajatistas contra o jornalista.”
Leia AQUI a íntegra da análise.
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A propósito, esta sexta-feira parece propícia àquela emblemática canção benjorniana:
clarice
8, novembro, 2019Mais que deprimente, uma vergonha. Violência por violência. Falta de respeito de quem fez e de quem aplaude o que o fez.