Foto: Arquivo Pessoal
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Tomo por inspiração uma crônica linda, escrita por Carlos Heitor Cony (1926/2018), um dos meus autores preferidos.
Espero que gostem – e me entendam.
Narra a história de um noviço (creio que ele próprio, Cony) a caminho do seminário num começo de ano, quando os seminaristas voltavam, após as festas natalinas, para os ritos da Congregação no interior do Rio de Janeiro.
Ele está à janela, olhar perdido na paisagem. O trem reduz a velocidade como sempre o faz ao se aproximar de uma estação, mas não pára, pois não é ali o seu fado.
Na plataforma, está uma moça, bonita, jovem como o Cony de então – e eles se olham e se veem.
Há um sopro de magia e encantamento nesse preciso instante.
Algo indizível, mas que existe e é real.
Segue o trem, cada qual à procura do próprio destino, e Cony conclui o texto brilhantemente:
“Estou convicto de que, naquele momento, nós nos pertencemos.”
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Não lembro o nome da crônica, nem quando foi escrita.
É provável que eu tenha o recorte do jornal em que saiu em algumas dessas pastas de guardados, perdidas aqui na confusão dos armários do escritório.
Se um dia encontrá-la, prometo publicar o link aos amáveis leitores.
Mas, o resumo que fiz de memória é a essência do que pretendo lhes oferecer nessa madrugada vadia de uma nova semana (a última de novembro) que se inicia – e que tomara não nos seja tão pesada como foi a que acabou de passar.
Algo como nos ensinou o poeta Vinicius de Moraes:
“A vida é arte do encontro embora haja
tanto desencontro pela vida.”
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Não sei se você como eu, anda disperso no vagão do Destino Escolhido ou na plataforma da tal estação chamada Vida Que Se Tem. Sei que não podemos perder a chance reconhecer o encontro quando acontece (e os melhores se dão assim, de maneira fortuita, graciosa).
É recomendável estar sempre disponível ao encantamento e à magia, pois assim é se lhe parece.
Fique atento para não perder o trem da própria História.
É o que desejo a vocês – e a mim próprio que, confesso, ando meio desligado…
Boa semana!
O que você acha?