Foto: Arquivo Pessoal
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Na função de repórter, entrevistei dois presidentes.
Um que havia sido: Jânio Quadros.
Outro (Fernando Henrique Cardoso) que viria a ser.
Ambos em 1985, quando disputavam a Prefeitura de São Paulo.
Venceu o Homem da Vassoura, para espanto dos progressistas.
Ficou em mim a estarrecedora suspeita de que havia algo de muito estranho na tenra democracia que acabara de ser resgatada após 21 anos de arbítrio e opressão.
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Também como jornalista, acompanhei na Redação, então como editor, os pleitos presidenciais, de 1989 até 2002.
Collor e Lula não os conheci pessoalmente.
Mas, por força do ofício, vivi ali, no dia a dia, mais amiúde, a jornada de cada um rumo ao Palácio do Planalto.
De 2006 em diante, comentei pelo Blog as eleições majoritárias no País. Já não me chegavam, porém, as tais informações de bastidores,
Há mais coisicas no tete a tete de repórteres e editores do que vemos em nossas tíbias manchetes do dia.
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Nem tudo é publicável, senhores.
Muitas vezes as evidências são muitas, mas falta a bendita prova cabal. A que não deixa dúvidas.
Ao contrário dos mandachuvas da República de Curitiba, o jornalismo sério não faz denúncia por convicção.
Ao menos, era assim antes do reinado das fakes news.
Lugar de repórter era na rua à cata da notícia. Apurando, investigando, checando, ouvindo as diversas partes envolvidas.
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Minhas impressões:
Jânio me pareceu um tanto destrambelhado na ânsia de retomar o caminho da Presidência pós-período ditatorial.
FHC, o príncipe dos sociólogos, como o chamavam à época, me deu a sensação de se achar acima dos reles mortais, nós.
Collor, pelos relatos que me chegavam à mesa de edição, “era uma bomba-relógio”.
De Lula, diziam-me os repórteres: um homem do povo, um operário. “Com incrível poder de persuasão e sedução”.
Todos tinham lá uma áurea. Para o bem e para o mal.
Pareciam seres predestinados.
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Itamar Franco não trazia num primeiro momento esse, digamos, dom. Mas, anos depois de seu governo interino, ouvi comentários respeitosos sobre a seriedade de sua atuação no âmbito político e administrativo.
Fora dele parece que deu alguns escorregões, especialmente no chamado tríduo momesco, ao lado de uma bela e esfuziante modelo.
Temer, o impostor; Dilma, a do impeachment. E outros tantos que aspiraram a Presidência e ficaram pelo caminho nas suas pretensões – Maluf, Covas (que eu sempre admirei), Alckmin, Serra e Aécio, o terrível, entre outros – não foram e, ao que tudo indica, não serão banhados pela mesma distinção.
Enfim…
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Fico aqui remoendo essas lembranças – e vocês já devem ter imaginado onde quero chegar.
As redações sempre souberam quem é quem.
E sobretudo quem é por quem…
Em meio a tanta sandice e à generalizada indigência intelectual, só não entendo uma coisa, colegas:
Caramba! Por que não nos alertaram?
O que você acha?