Foto: Leila Cunha
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Amigos e leitores,
Continuem me querendo bem, pois não custa nada.
Me perdoem por tornar ao assunto tão bem dissecado pela rapper Preta Rara dias atrás.
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Discordo, com a devida vênia e inteiramente, daqueles que tentam justificar a fala do ministro Paulo Guedes com meros comentários tipo: “foi uma precipitação”, “uma infelicidade”, “algo que se diz no calor da oratória”, “um exemplo mal posto” e balelas do gênero.
Ela (a fala) foi tosca mesmo. Preconceituosa.
Obscurantista.
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Não duvido nada que a citação reflita o que verdadeiramente pensa o distinto senhor.
Se me permitem uma literatice, defino a tal como a ponta do iceberg do que, entende ele, seja a maneira mais apropriada de como deve ser tratado esse povaréu que se imagina gente – e não precisa nem de leis trabalhistas, nem de previdência.
Que só representa gasto para o Governo e atravanca a Economia.
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Justiça seja feita, porém.
O ministro não quis se referir unicamente às empregadas domésticas.
Penso que não.
Foi o que lhe veio à mente naquele momento.
Imagino que o douto economista, formado no Chile nos tempos do Pinochet, estava mesmo se referindo ao pessoal da classe C – lembram dela? – e a nós, os remediados, da classe média-média, quase B. Que, com o Brasil ostentando índices de pleno emprego e o dólar a 1,80, lotamos os aeroportos e caímos nesse mundão de meu Deus.
Aliás, como todos bem merecemos.
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Não foi uma ou duas vezes, foram mais, muito mais que ouvi de bacanudos ao redor a seguinte expressão:
– Isto aqui (o aeroporto) está parecendo uma rodoviária.
Ou ainda:
– Quem é essa gente feia que está invadindo o nosso bem-amado espaço?
Ó indignação.
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Pelo que sei das moças – Marias, Joanas, Marluces, Constanças, Zildas e que tais – nunca as vi conversando sobre Mickey, Donald, Patetas e Plutos, parques temáticos e comprinhas nos outlets.
Queriam, sim, voltar para a terrinha – no Ceará, Bahia, Paraíba, Alagoas – chegar mais rápido nas asas de um possante para ver a mãezinha que lá deixaram, os parentes, os amigos (algumas, os próprios filhos que já estão crescidinhos) e matar a bendita saudade de anos e anos de ausência.
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Muitas conseguiram essa proeza – e voltaram com um belo sorriso no rosto.
Felizes que só.
Aliás, dava gosto vê-las falar das férias e projetar – sim, projetar – o retorno para o próximo Natal.
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Pois é amigos…
Serei sincero: não me surpreendo com nada do que vem acontecendo no Bolsonistão (expressão criada do notável jornalista Bob Fernandes) nesses dias ameaçadores.
Foi para isso que se fez o Golpe.
Para isso que se elegeram.
Desde o primeiro momento estava claro a quem e o que representavam.
Só não entendo como deixamos chegar a esse ponto.
Um mea-culpa da classe a qual pertenço: a grande mídia foi cúmplice. Diria parceira.
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A propósito, mesmo com meu salário de professor, me diverti a valer na semana que passei entre Punta Cana e Miami.
Uia…
10 vezes. Obrigado, CVC.
Quem diria?
Aluguei um carrão no estilo, visitei Little Cuba para ouvir música, fiz umas boquinhas em restaurantes metidos que só e deixei uns dólares legais em dois ou três outlets da hora.
Ninguém resiste a um All Star novo, comprado nos States (mesmo que hoje feito na China).
Só quem teve 20 anos nos anos 70 sabe do que estou falando.
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De quebra, ainda vi o piti de um new-tucano que, ao chegarmos em Cumbica, teve a bagagem extraviada enquanto a nossa, dos plebeus, reles mortais, toda garbosa a rodar na esteira, chegando numa boa.
Ele nos fuzilava com os olhos.
Urrava e gesticulava com os funcionários da empresa, andava de um lado para o outro à procura do mandachuva do aeroporto… tudo sem tirar o assombroso Panamá da cabeça.
Ô dó.
Era um belo chapéu, por sinal.
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O que você acha?