Reticenciar

Foto: Arquivo Pessoal

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Reticenciar,  que eu juro

Censurar ninguém se atreve

É tão bom sonhar contigo

Luar tão cândido

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Decididamente, amigos, não sei o que lhes dizer.

Para onde deve ir o cronista em tempos de covid-19?

A lugar algum – responder-me-ia o leitor mais atento ao noticiário do dia.

É hora de se prevenir!

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Vai por este tom a manchete do dia.

Abre exceção até mesmo ao abominável ponto de exclamação – este mesmo!

No meu tempo de redação, quem cometesse tal extremo, ouvia do chefete da vez:

– Quer discursar, arranje outra tribuna.

Uma frase bem redigida, direta e concisa, prescindia de prosaico recurso.

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De minha parte, nunca tive nada contra o dito-cujo.

Se me permitissem, encheria meus tortos alinhavos de exclamações.

Assim ó: !!!

Dizem que falo aos gritos.

Vai ver seja isso.

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Gosto também do uso das reticências…

Outro sinal gramático, muitas vezes, mal-visto nos textos ditos jornalísticos.

Penso que muitas vezes os três pontinhos enfileirados (…) dão a perfeita noção de que a narrativa fica em aberto.

Cabem nela outros tantos olhares, outros tantos comentários.

Deixa no ar um assombramento, uma expectativa do que está por vir.

Exatamente como, creio, sejam os incautos dias que ora vivemos…

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Lembro os avôs maternos, Carlito e Ignês, falando dos dias enclausurados no tempo da gripe espanhola. 1918!

Lembro o pai – ainda ele, criança, no Cambuci – dizer-se trancafiado no porão da casa onde morava, com medo dos bombardeios que destruíram parte da igreja da Glória na Revolução de 32…

Conversas que se perderam no cavo do tempo, andaram-me esquecidas, tão improváveis em meio a tantos e tantos avanços dessa tal Humanidade.

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Agora me vejo aqui a reticenciar nosso encontro diário em busca de uma exclamação de otimismo que nos conforte diante do que está por vir…

Cuidem-se, amigos!!!

Se der e puder, fique em casa!!!– é o que lhes digo por hoje, e quiçá amanhã, e depois, e depois…