Foto/Reprodução: Assis Chateaubriand na inauguração da TV no Brasil. 18 de setembro de 1950
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São Paulo, amigos, era uma aldeia; pouco mais que isso.
Vocês podem até não acreditar. Mas, as pessoas conversavam entre si. Davam bom dia quando se viam pela manhã e boa noite ao recolher as cadeiras das calçadas quando entravam para dormir o sono dos justos.
O rádio era o libertador elo com o mundo. As canções predominavam, mas também havia as novelas radiofônicas, o noticiário, o futebol e, vez ou outra, a luta de boxe dos campeões.
Nas ruas de paralelepípedos, as luzes nos postes tinham um tom amarelado, o sépio das fotografias antigas (que se guardavam em álbuns com capa de couro ou mesmo caixas de sapatos), e lá pelas onze da noite, era inevitável, ouvia-se o ruído do último bonde na derradeira viagem daquela jornada.
Desconfio que tínhamos uma vida mais harmoniosa.
Um velho samba de Ataulfo entoava o verso que sabíamos de cor, mas não o entendíamos em toda sua magnitude:
“Eu era feliz e não sabia.”
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Assim era a vida, meus caros, antes da chegada da TV nos lares brasileiros.
TV que, neste aloprado 2020, quem diria!, completou 70 anos agora em setembro – eu ainda vou fazer, em dezembro.
Talvez por isso o amigo Nascimento Júnior me pediu, ainda em meados do dito mês de setembro, para registrar no Blog minhas impressões sobre a chegada da TV aos setentinha.
O Júnior tem procedência no assunto.
É filho de um saudoso amigo_irmão_mestre, o J. Nascimento, que foi produtor nos áureos tempos da TV Record, parceiro do notável apresentador Blota Júnior e chamava Sônia Ribeiro de comadre.
Trabalhei com Nasci na velha redação de piso assoalhado e grandes janelões para rua Bom Pastor.
Foi um aprendizado – e uma honra.
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Portanto, amigos, não tenho como fugir ao compromisso.
Mesmo com indesculpável atraso, farei uma breve retrospectiva da minha trajetória diante da telinha a partir de hoje e até domingo.
Espero que gostem…
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Posso dizer, e me permitam a hipérbole, que crescemos juntos, a TV e eu.
Em alguns momentos fomos cúmplices nos devaneios que ela propunha – e eu embarcava na maior. A Jovem Guarda, a Era dos Festivais, a transmissão ao vivo da Copa de 70, enfim…
Em outros momentos, nos distancíamos. Um tanto manipuladora, a nossa eletrônica Caixa de Pandora.
Hoje em dia, diria que temos cordatas relações. Vejo o futebolzinho de sempre, um ou outro documentário, mas prefiro mesmo os filmes; preferencialmente os antigos.
Recordar é viver, diz outro samba.
Enfim, conto com vocês para mais essa viagem ao túnel do tempo.
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Minha primeira postagem vai para aquele que considero o mais divertido momento…
Adivinhem qual?
A íntegra do episódio AQUI
Participação: Ronald Golias, Jô Soares, Otello Zeloni, Renata Fronzi, Ricardo Corte Real e Pelé.
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José Antônio Daniello
14, outubro, 2020Antes do aparecimento da TV as pessoas se visitavam, cantavam, jogavam scopa de 15, riam, algumas vezes soltavam palavrões em italiano. Havia solidariedade e compromisso entre si. Meu avô sentava com seu paisa dono da padaria Ana Neri e, assim, levavam a vida. Eu vivi essa época.