Foto: Gilberto Marques
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Um breve Raio-X das eleições municipais a partir das considerações feitas pelo professor convidado de marketing político da ECA/USP e gerente de cidade da FAAP, o ex-vereador e ex-secretário nacional da Habitação, Celso Matsuda.
Aspas para o Prof. Matsuda:
Se somarmos os vereadores da coligação (11 partidos) que apoiou a reeleição de Bruno Covas (25 ao todo) aos outros que a esses se reuniram no pleito do segundo turno (5 partidos +10 vereadores), chegamos a um total de 35 edis que devem garantir à Municipalidade ampla maioria de 2/3 de votos na Câmara Municipal de São Paulo.
Com esse quórum, o prefeito (eleito com quase 60 por cento dos votos) aprova e rejeita o que bem quiser com a vênia do Legislativo.
Para consolidar essa maioria, alguns acordos, provavelmente fechados antes da campanha, terão a coordenação do vereador Mílton Leite (anunciado no pronunciamento da vitória como possível novo presidente da CMSP).
Para que funcione essa, digamos, parceria, os representantes da Coligação também terão à sua disposição cargos na Mesa Diretora da Edilidade, nos diversos escalões das secretarias e mesmo das subprefeituras.
Acrescente-se que alguns desses espaços já são ocupados por representantes coligados.
O que será diferente na Câmara Municipal é a minoria oposicionista, revigorada por jovens que mostraram ser bem atuantes. Acrescente-se a isso, a experiência de nomes com larga jornada política como o do ex-senador Eduardo Suplicy.
A princípio, vejo essa oposição com aparência de que será bem barulhenta.
Em torno de 2,2 milhões de paulistanos não foram às urnas em cada turno da eleição de 2020.
Com tal abstenção mais votos nulos e brancos, alcançamos uma marca histórica, mas que não é surpresa. Essa alarmante alta se registra, mesmo que de forma gradativa, nas últimas quatro eleições.
Tal fenômeno parece ser uma tendência irreversível principalmente pelo descrédito do processo eleitoral em si e/ou da classe política.
Destaco principalmente dois segmentos que se mostram, grosso modo, alheio ao debate público, “pois não adianta nada”: os mais jovens e os mais experientes.
Mesmo assim, óbvio, uma boa parcela de jovens foi às urnas e escolheu candidatos com discurso aparentemente novo.
Já os mais vividos que votaram optaram por candidatos de perfil conservador, mais ao centro-centro.
Quem radicalizou (tanto de um lado quanto de outro) acabou desprezado neste pleito.
Com o fim das coligações nas eleições proporcionais, abstenção, mais votos nulos e em branco, eleger-se torna-se um desafio ainda maior para partidos e candidatos. O chamado quociente partidário influi decididamente.
Resumo da ópera:
Um caminho é partir para eleições distritais.
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* Agradeço a intermediação do sempre vereador Almir Guimarães para a postagem de hoje.
O que você acha?