Meus amigos e meus inimigos (porque hoje a coisa toda está assim, dialogar pra quê?), vamos ao que ainda se pode…
Quando um jornal diário arregaça um editorial , logo de cara, no espaço nobre de sua primeira página, preparem-se, pois temos turbulências na linha do horizonte.
Os editoriais representam a opinião do jornal. Fala, em tese, pelo todo da redação. Defende premissas básicas dos direitos do cidadão, da liberdade de expressão e dos direitos democráticos.
Normalmente, esses artigos – quase sempre robustos em considerações e análises – ficam restritos ao espaço reservado para a área de Opinião & Debates no interior da publicação. Via de regra, nas primeiras páginas do primeiro caderno.
São vistos, nem sempre lidos, vez ou outra, comentados e tal.
Mas, não têm a mesma força de tempos idos e havidos.
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Mesmo assim, quando saltam para a capa, trazem embutido em si o tal sinal de alerta máximo para a sociedade que, em tese, o jornal representa – e, em última análise, se faz (ou deveria fazer) porta-voz.
Sabem aquela frase manjada?
“Quem avisa… ”
Pois então, meus prezados, o recado é bem esse mesmo, claro e objetivo:
Hora de acionar a tal sirene de atenção e o aviso de urgência urgentíssima.
Não há espaço para vacilo, omissões e adiamentos.
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No tempo do fundador dos Diários e Emissoras Associadas, o jornalista e empresário Assis Chateaubriand, dizia-se que os editoriais que ele escrevia causavam pânico entre os poderosos, derrubavam governo, moviam montanhas, faziam o chão tremer.
Não era tanto assim, mas era bem assim.
Também ficaram famosos os escritos liberais do Dr. Rui no Estadão e os incandescentes artigos de fundo (um editorial em tom mais conciso) de amplo apelo sociais de Samuel Wainer na Última Hora. O dublê de jornalista e político Carlos Lacerda, na sua Tribuna de Imprensa, também fez história nas década de 50 (foi o principal antagonista de Getúlio Vargas) e bem influente até o Golpe de 64 (que ele ingenuamente apoiou no início, e depois acabou cassado e tirado de cena).
Para o meu gosto e regalo d’alma, era admirador e colecionador dos editorias que os notáveis Cláudio Abramo e Mino Carta, alternadamente, escreviam no Jornal da República de breve e profícua existência nos fins dos anos 70.
Tenho até hoje comigo a coleção encadernada de quase todas as edições.
Mas, isto é uma outra história que fica para uma próxima ocasião.
(Por vezes, ainda penso que estou em sala de aula a discorrer sobre a História do Jornalismo…)
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Nesta sexta, a Folha de S. Paulo publicou em sua primeira página o editorial Ensaio de Ditador.
Pensei cá com meus bamboleantes botões, demorô!
Trata-se de um incisivo manifesto que diz com todas as letras que nossa ainda frágil democracia “está em risco” .
E não se faz de rogado em apontar o principal culpado: o próprio presidente da República é a maior ameaça à Constituição e à ordem instituída.
Diz um trecho do texto:
“Jair Messias Bolsonaro é um presidente contra a Constituição. Comete desvarios em série na sua fuga rumo à tirania e precisa ser parado pela lei que despreza.”
“Há loucura e há método na sequência de investidas contra a democracia e o sistema eleitoral, ao passo que o país é duramente castigado pela ausência de governo. São demasiadas horas perdidas com mentiras, picuinhas e bravatas enquanto brasileiros adoecem, morrem e empobrecem.”
Depois de discorrer sobre o trágico contexto que hoje vivemos em função deste desgoverno, o jornal faz o alerta:
“A deliberação sobre os pedidos de impeachment torna-se urgente. Da mesma maneira, os achados e conclusões da CPI da Pandemia devem desencadear a responsabilização do presidente. À Procuradoria cumpre exercer a sua prerrogativa de acionar criminalmente o chefe do governo.”
“A inação de (Augusto) Aras e (Arthur) Lira põe em risco a democracia; é preciso reagir, até pela própria sobrevivência.”
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Por mim, desde o golpe de 16/17 quando o impostor Michel Temer foi conchavar com os militares o tal manifesto Uma Ponte Para o Futuro, nossa Imprensa deveria escrever todos os dias, em letras garrafais, sobre a ameaça e os riscos institucionais que pairavam sobre o Brasil de todos os brasileiros.
Era nosso dever e função.
Enfim, porta arrombada, lá vem a tranca…
De qualquer forma, vale o alerta de hoje – e sempre.
Antes tarde do que nunca…
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*Para quem for assinante e quiser ler a íntegra do texto da Folha, clique AQUI!
*Outro texto bem interessante sobre o assunto está no G1, no Blog do Octavio Guedes:
CLIQUE AQUI: Por que o voto impresso fará a alegria das milícias.
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O que você acha?