Foto: capa do disco/Divulgação
…
Bem vindo, amigo Dogival.
De volta ao Blog depois de longos anos.
Agradeço o encaminhamento do link do portal Ouvir Música, que dá acesso às 72 gravações do grupo Pholhas.
Quem aí, do outro lado da telinha, se lembra deles?
(Clique AQUI para ouvir.)
O Dogiva, amigo daquelas priscas eras, faz a sugestão:
“Tem as manhas de escrever sobre o assunto?”
Posso tentar.
…
Então, era assim…
Ou mais ou menos assim.
Final das tardes de domingo, havia as chamadas ‘domingueiras dançantes’ no Clube Atlético Ypiranga.
A rapaziada caprichava nos panos e no penteado.
A moda era ostentar longas melenas.
Já as moçoilas ousavam na minissaia e no perfume.
O climão era o de procura e romance.
Anos 70.
Por mais que vivêssemos tempos outros – e da chamada revolução dos costumes -, digamos que ali o ambiente era familiar.
Tudo muito suave. Nos conformes, sem maiores ousadias.
Uma levada de Anos Dourados.
…
Nunca fui um frequentador assíduo do point.
Para desgosto supremo do Velho Aldo, meu saudoso pai, não levo jeito para o rei das pistas de dança.
O Velho se dizia, orgulhoso, um pé de valsa. Capaz de dar giros à direita e à esquerda, sem perder o compasso e a elegância.
Sempre me viram como o famoso ‘pé na parede’. Onde encostava, ali ficava.
De resto, sempre preferi o futebol aos bailecos nas tardes de domingo.
De qualquer forma, vez ou outra me aventurei timidamente naquele, digamos, universo.
…
Inclusive havia um conhecido meu, o Duarte, que era amigo do meu amigo Oswaldo, o Bode, que tocava baixo na banda que, em domingos alternados, embalava os casais naqueles idos.
Gostava de ver e ouvi-los tocar.
O repertório de praxe era formado pelas dolentes baladas estrangeiras, os hits mais ouvidos na rádios Excelsior e Difusora, ambas dedicadas exclusivamente à juventude.
Vez ou outra, aparecia o Miltinho, de cabelo retinto de negro, para dar uma canja e cantar dois ou três sucessos do Rei, Roberto Carlos.
Com alguma ironia, nós o apelidamos de Miltinho Carlos.
Ele não percebia a ironia – e até gostava.
…
Estou tergiversando…
O assunto é o Pholhas.
O que posso lhes dizer?
Bem, o contexto era esse aí…
Só que em domingos muitíssimo especiais, quem assumia o palco eram os quatro paulistanos que, desde 1969, animavam os bailinhos de então com um repertório baseado em composições de bandas inglesas e americanas. Faziam tamanho sucesso que, logo, partiram para compor, também em língua inglesa, algumas baladas que inebriavam a garotada.
Tinham a agenda de apresentações lotada.
E por duas ou três vezes, que me lembre, eu os vi como a atração principal das domingueiras do Ypiranga.
…
Nessas datas, para atender a maior demanda de jovens, os encontros se transferiram para o então novíssimo salão social do clube.
Um chiquê só!
…
Gostei particularmente de uma das apresentações.
Quando o grupo cantou – e magnificamente – Travessia, de Milton Nascimento, com letra em inglês.
Os caras eram bons mesmo.
A turma até parou de dançar para vê-los tocar e cantar.
Se bem me recordo, só o Miltinho Carlos ficou de beicinho, resmungando:
“Pô, queria cantar aquela do Roberto (‘Como é Grande o Meu Amor Por Você’) – e o diretor do clube não deixou.”
…
…
* Procurei no You Tube pela versão de Travessia, mas não encontrei.
Então, optei pela canção mais tocada do grupo.
Se alguém encontrar e me enviar o link, tenho motivo para escrever outra crônica.
Valeu, Dogiva!
…
O que você acha?