Foto: Arquivo Pessoal
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Minha sobrinha e afilhada Roberta e o marido Fabrício me surpreendem em pleno grupo da Família do zap.
Deixam a pergunta a mim endereçada:
“Queremos saber se realmente fizeram a calçada da fama para precursora da Madonna no Ipiranga?”
Meu filho, desconfio, detectou o meu espanto – e teclou em meu socorro:
“O autor nunca revela a origem das histórias contadas.”
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Só então me dei conta de que a provocação surgiu a partir de alguma história que escrevi.
Respondi genericamente, para que os familiares não ficassem no vazio:
“Desconfio que não, mas merecia.”
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Mas, continuei ensimesmado.
Onde foi que me atrevi a rabiscar tal história da precursora da Madonna ou coisa que o valha?
No Blog, ao menos recentemente, não foi.
Ando comedido nas escrevinhações.
Em algum dos meus livros?
Pode ser.
Recentemente, eu os presenteei com um exemplar do romance O que o Tempo leva….
Não tem nada a ver.
As idas-e-vindas do enredo que envolve os personagens, o Ator e o Filósofo, não nos remete a tal indagação.
Madonna, calçada da fama, Ipiranga?
De onde tirei essa bagaça?
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Volto ao zap para desvendar o mistério.
Lá está, acima da pergunta que não quer calar, a foto do casal e os filhos Rique e Rafa ao sol num dos parques em São Paulo.
Ops!
Ponto para o tiozão aqui.
O Fabrício segura um exemplar do meu segundo livro Meus Caros Amigos – Crônicas sobre jornalistas, boêmios e paixões.
Só pode ser…
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Publiquei o livro em 2010.
Trata-se de uma coletânea de crônicas sobre a Velha Redação e à saudade dos amigos barulhentos que comigo ali trabalharam e já se foram.
Era uma turma turbulenta, capitaneada pelo grande e saudoso Nasci.
Mas, que história é essa de Madonna, no Ipiranga?
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Lembrei!
Justiça se faça, o Nasci nada teve a ver com a presepada.
Vou lhes dar a resenha:
Aconteceu numa tarde qualquer que se perdeu no tempo.
Recebemos, de surpresa, a visita de uma atriz de pornochanchada, gênero então em alta nas nossas salas de cinema.
Ela veio à Redação, de livre e espontânea vontade, para divulgar o novo filme.
Não a reconhecemos à primeira vista.
Não era propriamente uma estrela de primeira grandeza.
Descobrimos ao ver o cartaz colorido que nos entregou para afixarmos na entrada do prédio.
Reconheça-se.
Era uma mulher bonita, digamos, vistosa – e algo desinibida.
– Bela espécie – sapecou baixinho o grande Zé Jofre, em nome de toda a equipe.
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O saudoso AC, nosso editor-chefe, presepeiro que só, logo me confiou a notável tarefa de entrevistá-la.
Explico o notável.
Enquanto eu e ela conversávamos num canto da redação, percebo uma movimentação estranha no prédio.
Estavam aprontando alguma.
Vi que, sorrateiramente, o AC saiu da sala e, no corredor da escada que dava acesso ao primeiro andar, onde ficava a redação, ele dava ordem para organizarem uma fila.
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Pois é, meus caros, era uma fila de autógrafos para reverenciar a moçoila de madeixas loiras que, com muito boa vontade, lembrava a Madonna.
Para tanto, convocou os boys, os escriturários, os atendentes, o pessoal da Publicidade e quem mais estivesse por ali. Todos com caneta e papel, prontos para, digamos, abordá-la calorosamente assim que terminasse a entrevista.
Obviamente, os dois fotógrafos ficaram a postos.
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No estacionamento, outra zueira organizada.
Posicionaram estrategicamente meia-dúzia de automóveis e outra parte da plateia para um buzinaço e uma nova sessão de autógrafos e fotos.
Desconfio que foi o grande momento da atriz que do nada surgiu e para o nada voltou.
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Todos riram muito com aquela patacoada.
De péssimo gosto, diga-se.
Registro que a atriz ficou bem feliz com as homenagens – sinceras ou não – e até nos convidou para a pré-estreia do filme.
Ela não se deu conta da zueira farsa.
Ou disfarçou muito bem…
E nós distribuímos os convites entre os componentes da turma do gargarejo.
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Assim que ela foi embora, no entanto, chegou o Devito, absolutamente tomado pelo personagem do fã histérico, dizendo ter providenciado cimento fresco para que se inaugurassem uma Calçada da Fama em pleno pátio do estacionamento.
Éramos, todos nós, jovens e inconsequentes.
Nunca tínhamos ouvido falar de bullyng, da cartilha do politicamente-correto ou coisa que o valha.
Faço o relato mais para o lúdico no livro.
Exagero um tantinho.
Diria que ficou mais divertido do que de fato aconteceu.
O AC vira o personagem Almeidinha.
O nome da atriz?
Custei a lembrar…
Mas, não revelei lá e não o revelo aqui, de jeito algum.
Algum juízo, desconfio, eu criei com a idade…
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O que você acha?