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A grande aventura

Foto: Arquivo Pessoal

A solidão pode ser uma escolha.

Um homem só não significa necessariamente um homem solitário.

Estávamos num ruidoso grupo de amigos e familiares quando registrei a cena.

Fazíamos uma parada turística às corredeiras de um rio nos arredores do vilarejo de Pucon no Chile.

Esclareço: não era um dos nossos o herói das águas.

Acreditem, porém!

Fiz a foto pensando em publicá-la aqui no Blog.

Não, não me ocorreu nenhum tema específico.

Apenas me pareceu um momento singular mesmo para quem estava em uma das margens a contemplar a beleza natural do lugar.

Estávamos entusiasmados e, em nossa alegria, até saudamos com aplausos e vivas o Pimpão e as manobras do bote.

Particularmente entendi logo que a imagem bem representa a destreza e a coragem de que somos dotados.

Quer dizer, nem todos.

Digo por mim.

Não tenho a menor ilusão de me arriscar nessas ou em quaisquer outras aventuras, digamos, mais radicais.

Vale inclusive para a vida e seus inevitáveis solavancos.

Enfim, creio que os amigos-leitores me entendem.

Já sou um senhorzinho feito e refeito em sonhos e memórias.

Talvez no passado me desse à rotina dos desafios. Profissionais, esportivos, pessoais etc.

Toparia um raffiting?

Não creio.

Nunca tive o dom, a perícia e o tanto de atrevimento.

Digamos que sou mais pé no chão.

Outro aspecto que, na ocasião – e lá se vão uns bons anos -, saltou-me aos olhos:

O harmonioso conjunto entre o homem e a Mãe Natureza.

Coisa bonita de se ver.

Não raras vezes, deixamos de vivenciar pequenos-grandes encontros que o Sr. Destino se nos oferece.

O desafio é estarmos leve o suficiente para entender a luminar dimensão do instante que se eterniza.

“Não tenha tanta pressa na vida” – dizia-me o Tio Neno quando eu ainda era garotão de tudo.

“Sabe, Tchnim, o tempo passa muito depressa. Aproveite para ser feliz o tempo que couber ser feliz. Quando você percebe, lá se foram os melhores anos da sua vida”.

Foram dias divertidos aqueles vividos na pacata cidadezinha ao sul do Chile cercada por fontes termais, lagos, vulcões e as águas geladas do Pacífico.

Tenho boas lembranças.

Rever fotos antigas nas madrugadas insones. Eis o hábito relativamente recente que adotei nos tempos sofridos da reclusão por causa da pandemia.

Assolava-nos uma tristeza infinita. Em meio a tantas e tamanhas incertezas – inclusive a ineficácia de um desgoverno de contornos fascistoides – relembrar antigas imagens era uma fuga e um gesto de resistência.

Resistência e esperança.

Termino em tom épico existencial (seja lá o que isso quer dizer):

Viver, meus caros, é a grande aventura.

(Um saludo para o navegante desconhecido que inspirou a crônica.)

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