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Era assim o Dia do Trabalho naqueles tempos

Foto: Jô Rabelo

Hummm. Deixe-me ver. Minhas primeiras lembranças do 1° de maio.

Têm a ver com o Dia do Trabalho, o feriado.

Porém, e sempre existe um porém (como ensinou o grand Plínio Marcos)…

Misturam futebol e religião.

Comecemos pelas mais tenras delas.

Era pequenino de tudo.

O pai me levou vê-lo em ação como centroavante (ele dizia centerfor) num encontro entre de Casados vs. Solteiros num campo de terra batida na várzea dos Setes Campos, na rua Independência, no Cambuci. As valentes equipes eram formadas pelos operários da Fábrica de Tecidos Vetorazzo, onde o pai trabalhava.

O Velho Aldo jogou meio tempo – e deixou o amigo Patara tomando conta do filho, eu mesmo.

Não tenho maiores lembranças do episódio.

O pai mal tocara na pelota, para minha decepção.

Depois contou vantagem de ter feito um gol. Mas, eu não vi.

(Sempre fui um tanto distraído e desastrado)

Era um ensolarado 1° de maio e alguém da plateia disse que os pernas-de-pau fizeram mais poeira que propriamente jogaram futebol.

Achei divertido a expressão perna de pau.

Todos riram.

E eu os imaginei um bando de piratas a correr atrás da bola.

Outra lembrança.

Acompanhei a mãe numa igreja para a missa de São José Operário.

Não sei onde era a igreja. Fomos de bonde. Andamos um bocadinho depois que descemos.

Chegamos na igreja algo cansados, não havia banco disponível para sentar. Uma multidão rezava em coro uníssono e forte.

Meu espanto foi ver tantos homens na tal missa.

Nas missas dominicais, as mulheres eram sempre em maior número. Por isso, presumo, as orações e os cantos eram mais melodiosos e suaves.

Na hora da bênção final, o grande momento: muitos dos marmanjos levantaram seus instrumentos de trabalho (chave de fenda, o mecânico; tesoura, o barbeiro; martelo, o carpinteiro, e assim por diante). Outras pessoas ergueram a carteira de trabalho de capa marrom ou mesmo um pequeno envelope bege, onde – disse a mãe – “eles recebiam o pagamento todo mês”.

Achei um tanto tenso o climão na igreja.

“O trabalho dignifica o homem” – disse a mãe.

Eu queria ser marinheiro – e, cá comigo, lamentei não ter levado o quepe de marujo que ganhei no Carnaval daquele ano.

Mais crescidinho, molecão de rua, íamos todos os garotos da Muniz de Souza para o Distrital do Parque da Aclimação, naqueles dias do Trabalho que se perderam no tempo.

Era dia do festival de futebol, dos mais renhidos.

Um torneio entre os trabalhadores de diversas indústrias.

Eram jogos de 15 por 15. Escanteio valia gol para o desempate. Quem perdesse caía fora. O vencedor continuava na disputa até a finalíssima.

Jogos e mais jogos, o dia todo.

Começava cedo – e só terminava ao escurecer.

Ora torcíamos para uns, ora torcíamos para outros. Valia mesmo a farra.

Gostávamos mesmo quando o pau quebrava em campo.

Mais ainda quando punham o juiz da partida pra correr.

O que não era incomum.

“Pega ladrão!”

Da pequena arquibancada, eu remedava o amigo do pai e, para espanto das diferentes torcidas, gritava:

“Bando de pernas-de-pau faz mais poeira do que joga futebol.”

(Detalhe: o campo da Aclimação era gramado.)


Outra lembrança que compartilho com os amigos:

Também foi em maio 1991 que assisti a um show do Fagner, aqui, em São Bernardo. O momento mais tocante da apresentação foi quando ele interpretou essa canção e reverenciou a memória do amigo e notável compositor Gonzaguinha, falecido dias antes num acidente de automóvel. Foi emocionante, inesquecível.

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