Foto: Arquivo/Agência Brasil
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“Ontem em São Paulo, na avenida de todos os paulistas, houve uma marcha de protesto contra o aumento das tarifas dos transportes públicos. Um causa mais do que justa. Que perdeu sua legitimidade ao enveredar pelo tumulto, a depredação, o caos.
Mais grave ainda foi a ameaça: amanhã (hoje) tem mais.
Deixo para vocês um questionamento que me assombra desde ontem. Passei pela Paulista por volta das 23 horas e vi o triste cenário posterior à manifestação:
Melhorar nosso País, nossa tenra democracia, passa por essas cenas de vandalismo e barbárie?”
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Começo por onde terminei ao citar o trecho final do post que escrevi em 7 de junho de 2013.
Passei pela avenida desavisadamente ao voltar da aula na FAAP – e me deparei com um cenário de horror e destruição.
Não tinha noção do que havia ali acontecido horas antes.
A princípio, pensei num confronto entre torcidas organizadas. Mas, não havia futebol naquela noite de terça.
Bateu-me, pois a dúvida e muita apreensão.
Só fui dar conta do ocorrido horas depois ao assistir os telejornais noturnos.
Fiz o texto, com a sensação de que o país enquanto nação perdia o rumo e o prumo.
Dias antes, num encontro de movimentos populares e sociais, um grafite numa escadaria chamou minha atenção.
Dizia:
“O Povo não deve temer o Estado. O Estado deve temer o povo.”
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Sou por natureza e profissão um cara cético.
Deduzi logo que a barra iria entortar e que não teríamos dias fáceis pela frente.
A propósito, uma visão não compartilhada por muita gente ao meu redor.
Pessoal andava entusiasmado a consagrar o clichê:
“O povo está na rua…”
“Que povo, cara pálida? O do grafite ameaçador? Ou o a patolândia que se postava à frente da Fiesp nas tardes de domingo?- perguntava a eles e aos meus combalidos botões.
As respostas nunca me convenceram.
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As respostas – e o que veio depois:
A ponte para o futuro.
A noite de horror no Congresso que determinou o impeachment da Dilma.
O Impostor Traíra que assumiu como presidente.
A prisão do Lula.
A Vaza-Jato.
A eleição de 2018.
O retrocesso
A tragédia anunciada no bojo de uma pandemia que nos dilacerou.
O Brasil aos pedaços.
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Sincera e humildemente lhes digo:
Dez anos depois…
… não estou certo de que o país retomou o rumo e o prumo.
A eleição de 22 pode ter sido um alento.
Uma benfazeja correção de rota.
Mas, ainda há um enorme e dispendioso caminho pela frente.
O Brasil permanece aos pedaços, dividido, polarizado nos extremos.
Tento ser otimista, pragmaticamente otimista – e acreditar.
No entanto, ainda temo.
Não sei se pelo pior.
Mas, pelo que está por vir…
Somos imprevisíveis.
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Lembro que, na ocasião e empolgado com os mistos de folguedos e manifestações, o amigo Poeta se deixou levar pela emoção (e também pelas dores de um amor perdido) e resolveu elaborar um manifesto em caráter de urgência urgentíssima “ao que aí está”. Misturou alhos com bugalhos, a saudade da bem-amada que se foi com a balbúrdia da voz ensandecida das ruas, os cálidos versos de Neruda ao proselitismo dos editorais dos jornalões e… Acreditem! Profetizou a derrocada da seleção brasileira na Copa de 14.
(É bem verdade que não citou o 7×1, mas deu a entender que a coisa seria feia.)
Ao cabo de tamanho esforço cívico e literário, tanto fez que o deixamos ler a vigorosa peça em voz alta.
Ao final, mesmo com todos os versos e reversos, o patusca não conseguiu sequer uma assinatura.
E vociferou no sala onde sozinho ficou:
“Esse país não tá com jeito que vai melhorar, não.”
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O que você acha?