Foto: reprodução do poster dos campeões de 1993
…
Que me perdoem os pombinhos-apaixonados e afins, mas terei que dedicar este 12 de junho ao primeiro e indestrutível amor da minha vida.
A Sociedade Esportiva Palmeiras, de tantas glórias e tradições.
Explico a justa reverência.
Há exatos 30 anos vivi um 12 de junho inesquecível.
Inigualável, eu diria.
Olaiá…
Saímos da fila, amigos.
O Palmeiras, prestes a completar 17 anos sem um titulozinho sequer, foi campeão paulista em cima do nosso mais combativo rival, o Corinthians.
Repito: que tarde/noite inesquecível.
Não gosto nem de lembrar o que vivíamos antes deste magnífico feito.
Que fase!
Que situação vexatória para nós, os palestrinos, que temos origem e procedência.
II.
Naqueles idos em que os estádios eram repartidos – metade, metade, ou quase isso – pelas torcidas dos dois times que se enfrentariam, ouvíamos calados, impotentes o delírio vindo da banda de lá das arquibancadas a contagem que nos corroía alma e coração:
Um.
Dois.
Três.
(…)
Dezesseis…
O mais dilacerante vinha agora, aquele corinho doído e triste:
Parabéns a você
Nesta data querida…
III.
Era assim que eles – os do lado de lá – deliciavam-se com os anos de fila que o Palmeiras curtia, sem ganhar nenhum título desde 1976.
De nada adiantava a nossa argumentação.
Batemos na trave tantas vezes. Por detalhes, não nos sagramos campeões.
Em 1978, o Arnaldo “a regra é clara” Cézar Coelho inventou um pênalti do Leão em Careca e quebrou o Palmeiras na final do Brasileirão, frente ao Guarani. Ano seguinte, foi a vez do presidente corintiano Vicente Matheus adiar a final do campeonato paulista para início de 1980, quebrando o ritmo de vitórias e goleadas do Palmeiras, de mestre Telê Santana.
Em 1986, foi aquela esparrela diante da Inter de Limeira, e lá se foi mais um Paulistão. Três anos depois, a acusação de dopping de Mário Sérgio fez a maionese desandar, quando o Palmeiras, do então técnico Leão. No início dos anos 90, os embates com o São Paulo, sempre com resultados suspeitos, a nosso ver, claro.
IV.
Nada disso valia.
Valia mesmo aquele zumbido ampliado, retumbante, dos estádios lotados a nos infernizar:
Um.
Dois.
Três.
(…)
Dezesseis…
Parabéns a você
Nesta data querida…
V.
Pior é que passamos anos a fio – a década de 60 e quase toda a de 70 – a entoar a mesma cantilena, espezinhando as aflições daquele do Corinthians que passou 23 anos na mais longa fila da história do futebol brasileiro.
Também o São Paulo amargava uma seca de títulos desde 1957.
Naqueles tempos, eles éramos os algozes,
Na década de 80 e início dos 90, as vítimas.
Não foi fácil.
VI.
Foi então que aconteceu aquele 12 de junho de 1993, inesquecível, heróico, histórico. As dores se dissiparam aos pés Evair, Edmundo, César Sampaio, Tonhão e Cia.
Foi uma sapatada e tanto no arquirrival, aquele outro time.
A vida voltou a nos sorrir.
Pois então, meus caros.
Recordar é viver e…
… o amor é verde, meus caros, como ensinou o grande Moacyr Franco.
…
O que você acha?