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O Menino do Violão

Foto: Chiquinho Brandão em Top Model, novela da Globo/Divulgação

Sobre o post de Caetano Veloso que escrevi dias atrás (Caetano quer se aposentar) gostaria de fazer duas considerações que considero oportunas.

A primeira:

Perdi a chance de andar em cima da notícia, pois na quinta passada, mesmo dia em que publiquei o post, circulou a notícia de que o Papa Francisco convidou o bom-baiano a participar de evento cultural no Vaticano.

Que honra!

O evento será uma celebração dos 50 anos do Museu de Arte Contemporânea do Vaticano, criado em 1973, e acontecerá no dia 23 de junho, na Capela Sistina.

Mais prafrentemente, como diria Odorico Paraguaçu, voltaremos ao assunto.

A segunda observação vai por conta da citação que fiz no mesmo texto sobre o amigo Chiquinho Brandão que, em vão, tentava me inserir no mundo dos tocadores de violão.

Seu nome, na verdade, era Francisco de Paula Brandão Bisneto (1952/1991).

Nós o chamávamos de Francisco

O público o conheceu como Chiquinho Brandão, músico e ator, que criou e personificou o irreverente Professor Poropopó, no infantil Bambalalão, exibido ali pelos anos 80 pela TV Cultura.

Dona Yolanda, minha mãe, o chamava de o Menino do Violão.

..

Explico.

Estudávamos juntos no ginásio do Colégio Nossa Senhora da Glória.

Tínhamos ali por volta dos 13 ou 14 anos.

Era um amigo divertido, e talentoso.

Assim que ganhei o violão (um humilde Gianini, comprado com muito suor pelo Aldão, meu pai), Chiquinho se incumbiu da inefável tarefa de me ensinar os primeiros acordes.

Eu andava desolado, minhas aulas iniciais com o instrumento foram desanimadoras.

Chiquinho vinha à minha casa e trazia seu portentoso Di Giorgio e danava a tocar bossa nova.

Desfilava os clássicos diante de meus olhar embasbacado.

“Garota de Ipanema”, “Primavera”, “Samba do Avião”, “Gente”, entre outros. Um repertório e tanto.

Tudo era simples, natural e bonito para ele.

Eu assistia ao miniconcerto deslumbrado. Vê-lo dedilhar aquelas dissonâncias todas me davam alguma esperança de ser um virtuose – ou algo próximo.

Sensação que durava pouco.

Assim que o amigo ia embora, tentava reproduzir algumas daquelas harmonias, mas sem grandes avanços.

Chiquinho saiu do Colégio depois que discutiu – isso mesmo, discutiu – de igual para igual com o Irmão Fidélis, não lembro bem qual foi o assunto.

Nos idos de 60, bater-boca e questionar um professor era algo inimaginável.

A ousadia lhe valeu o convite para deixar o colégio.

Nós, os amigos, lamentamos.

Mas, o que fazer?

Ainda nos vimos duas ou três vezes para outras aulas de violão.

Mas. logo soubemos que a família se mudaria de bairro – e nunca mais a turminha do Glória teve notícia do Menino do Violão..

Quer dizer, eu só fui vê-lo na TV, anos e anos mais tarde, na figura do Professor Poropopó.

Cheguei mesmo a pensar em levar meu filho numa das apresentações do Bambalalão para conhecê-lo.

Mas, não arrisquei.

Não tenho lá grandes iniciativas para esses reencontros.

De qualquer forma, lamentei profundamente quando soube da morte precoce, em junho 1991, num acidente de automóvel no Rio de Janeiro.

Ele tinha 38 anos e havia se destacado como um pescador boa-praça na série “O Sorriso do Lagarto”, que a Globo exibia.

Ô sina!

São demais os perigos dessa vida.

Ainda nenhum comentário.

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