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Sobre camelôs, lives e afins

Foto: Arquivo Rubem Reis/São Paulo Antigo

“Não requer prática, nem tão pouco habilidade.”

Quem se lembra?

O bordão dos camelôs da São Paulo dos bondes e dos meus tempos de garoto – não eram tão numerosos quantos os atuais – refletiam a praticidade do produto que vendiam.

Não eram CDs, DVDs ou qualquer outra jabirosca chinesa.

Variavam entre “a babosa milagrosa” que daria tons rejuvenescedores aos cabelos e a cera lustra móvel (sabe-se lá de que procedência) que daria “aspecto de nobreza à sua casa”.

Havia também aqueles que faziam o jogo de esconder a bolinha.

Hábeis nas palavras, ágeis nas vendas, espertos o suficiente para escapar das ‘baratinhas’ da Rádio Patrulha, espalhavam-se pelas praças Sé e Clóvis, pelas cercanias da rua Direita, pela Ladeira Porto Geral, dando uma sonoridade típica à região, desde então apinhada de gente pra lá e pra cá.

Sempre – e sempre, havia uma roda de curiosos onde fosse que os tais armassem sua banca (muitas vezes, improvisadas em caixotes de madeira) com olhar crédulo diante dos malabarismos verbais dos ‘malandros do bem’.

Para muitos, otário era quem caísse no conto do vigário da vez.

Ops…

Explicando.

Resgasto essa lembrança pois, não é segredo, sou nostálgico por natureza.

Também porque ouvi de um amigo que há um camelódramo digital em pleno funcionamento.

Leigo no assunto, fiz cara de espanto – e ele me explicou.

Comercializa-se de tudo na internet.

Até aí, mesmo não sendo o rei da web, eu sabia.

Não sabia que imaginava que há lives que tentam conquistar o incauto internauta com promessas nem sempre paupáveis.

Continuei cofiando minha longa barba com ar de estranheza.

Ele pacienciosamente detalhou?

Têm forma de aulas, encontros, palestras, debates etc etc etc.

Na essência, estão preparando a clientela para divulgar e vender livros, cursos online, passeios turísticos etc etc etc

Achei natural.

Ele me convidou para uma live que o próprio faria sobre Literatura, mercado editorial, livros e congêneres.

Me encaminhou o link.

Agradeci.

Falei que assistiria.

Mas, no horário, preferi o futebolzinho esperto na TV.

Sou muito influenciável.

Ainda nenhum comentário.

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