Ilustração: Óleo sobre tela do amigo José Daniello
…
Leiam essa letra como se fosse (e o é) um diálogo com o TEMPO.
“Batidas na porta da frente
É o TEMPO.
Eu bebo um pouquinho pra ter argumento.
Mas fico sem jeito, calado, ele ri.
Ele zomba do quanto eu chorei
Porque sabe passar e eu não sei.
Num dia azul de verão, sinto o vento
Há folhas no meu coração
É o TEMPO.
Recordo um amor que perdi, ele ri.
Diz que somos iguais, se eu notei
Pois não sabe ficar e eu também não sei.
E gira em volta de mim.
Sussurra que apaga os caminhos,
Que amores terminam no escuro
Sozinhos,
Respondo que ele aprisiona, eu liberto.
Que ele adormece as paixões, eu desperto.
E o TEMPO se rói com inveja de mim.
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor pra tentar reviver.
No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer.
Eu posso, e ele não vai poder, me esquecer.”
…
* Resposta ao Tempo – Aldir Blanc e
Cristóvão Bastos (1998). Uma conversa sensível,
com o Senhor de Todos os Destinos
e, por que não?, com a gente mesmo, eternas crianças..
O que você acha?