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Iglesias, 80 anos

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Foto: Divulgação

Gosto assim.

Sento pra escrever já com tema na cabeça. Preferencialmente quando o assunto me é encaminhado pelos amáveis e amados cinco ou seis leitores.

A bem da verdade, por conta deste setembro ser um mês repleto de efemérides, tenho hoje o grandíssimo Júlio Iglesias como tema.

O cantante completou 80 anos no dia 23 ‘próximo passado’, como se dizia antigamente.

Sempre é tempo de saudá-lo.

Inclusive para assim deixar feliz o amigo Almir Guimarães que é leitor especialíssimo do nosso Blog e fanzaço do espanhol.

Participei de uma entrevista coletiva de Iglesias lá nos antigamente.

Não lhe fiz perguntas.

Os colegas e as colegas repórteres estavam alvoroçados diante do mito.

Senti que era mais ou menos assim que o viam naqueles idos em que a palavra ‘mito’ tinha peso de elogio.

Para a turminha, Iglesias tinha a áurea de mito.

Estava acostumado a cobrir os eventos de MPB.

Diria que me senti um tanto estranho no ninho.

Não lembro o que escrevi.

Mas, não passou de algo bem protocolar.

Ressalto que o cantante foi de uma simpatia singular.

À época, havia em meio a nichos, digamos, mais intelectualizados, uma aversão aos intérpretes românticos que faziam um sucesso danado.

Dizia-se que os tais e os quais eram produtos comerciais, de duração efêmera, criados pela indústria fonográfica em nome do lucro fácil – e não da arte pela arte.

Confesso que eu acreditava piamente nessa tese.

Por obra do destino, coube-me a incumbência de fazer a cobertura da apresentação de estreia do dito-cujo em São Paulo.

Desconfio que foi no Olympia no bairro da Lapa, se não me engano.

Fui ao show – e desacreditei.

O digníssimo entrou em cena vestindo um garboso terno preto, disse boa noite e se pôs a enfileirar uma canção após outra, sem sequer levantar a cabeça.

Agradecia aos aplausos com um leve curvar de tronco e seguia o repertório.

A plateia em êxtase.

Parecia estar em uma celebração a saborear os versos e compartilhar os sentimentos que estes exprimiam.

Seria mesmo uma celebração que o gajo aqui não captou?

Trabalhei muitos anos nessa área, assisti a centenas de shows dos mais variados artistas, mas vou lhes dizer: não lembro de ter visto algo tão cativante.

O homem era um charme, carismático que só.

À saída, encontro um colega repórter, tão impressionado quanto eu.

Não resisto – e lhe faço o questionamento:

– E aí, o que achou?

A resposta me foi inesquecível:

– Se fosse unica e exclusivamente um produto midiático, a indústria faria um por dia.

  

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