Foto: Arquivo Pessoal
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Tenho por hábito saudar a chegada de dezembro.
Na vida e aqui no Blog.
É coisa antiga.
Certamente, o mês que mais gosto do ano.
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Garoto ainda, já era assim.
Ficava feliz porque as aulas se encerravam – e havia a faceira perspectiva de mil e uma brincadeiras nas próximas semanas a perder de vista.
Também a aldeia que era São Paulo nos anos 50 iluminava-se à espera do Natal e do Ano Bom.
Eram promessas de vida e alegrias de quintal.
E ainda havia o Verão, o sol, a remota possibilidade de ver o mar mesmo que por alguns dias.
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Ah, os natais de antigamente.
O pai fazia questão da família reunida.
A beleza clássica do presépio armado carinhosamente pelo Tio Neno.
O comércio excepcionalmente aberto até as 22 horas.
O rigor e a solenidade da Missa do Galo. Em latim.
(Me ocorre agora a lembrança que o altar com o Santíssimo ficava no fundo da igreja e os padres celebravam de costas para o público.)
A óbvia euforia dos presentes, aqueles que o Papai Noel traria.
Dezembro, amigos, simbolizava todo encanto, toda magia.
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Depois, nas redações por onde andei, permaneci a cultivar dezembro como o mês que antecedia minhas férias que, preferivelmente, eu tirava em janeiro.
Fato esse que naturalmente se consolidou nos meus vinte e tantos anos como professor-universitário.
O fim do semestre era pauleira. Novembro, um mês supercorrido com os acertos finais, a chatice da correção daquela pilha de provas, o encaminhamento das notas, as bancas de TCCs, o fechamento dos diários, o planejamento do ano seguinte, essas coisas todas que chamaremos de ‘os ossos’ desse belo e sacrossanto ofício.
Com o transcorrer dos dias de dezembro, suavemente, todos esses transtornos se dissipam – e só restam os chamados alunos_panetones (aqueles que só dão o ar da graça no fim do ano) e suas tolas lamúrias.
No mais, férias que se alongam por janeiro e fevereiro. Ulalá…
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Ainda no tempo das redações, era escalado (ou dava um jeito de me escalar) para escrever sobre o Natal e o fim do ano. Eram reportagens, uma ou outra crônica, mais leves que me permitiam vivenciar a expectativa sempre positiva das pessoas nesse período.
Gostava do toque entre o real e o divino que, de certa forma, povoa o imaginário da maioria das gentes.
Todos se mostram mais generosos, mais solidários, mais esperançosos.
Deveria ser assim o ano todo, não?
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Acabei trazendo para o Blog essa levada – e assim, todo 1° de dezembro, anuncio a boa nova. Tipo: turminha, chegamos, estamos juntos, hora de nos banharmos no bálsamo da cura para as agruras acumuladas durante todo o ano, recarregar as baterias arriadas pelas perdas e seguir na fé e na boa-vontade.
Vamos nessa?
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O que você acha?