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Sobre o show de Paul McCartney

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Foto: Divulgação/StarPlus+

Gostaria.

Gostaria muito, confesso. Porém – e sempre existe um misterioso porém… -, não fui ao show de Paul McCartney no Allianz Parque, em São Paulo.

Se quiserem me perguntar, perguntem.

Mas, não saberei lhes responder o motivo.

Sincera e objetivamente, não sei.

O Tico e o Teco se agitam dentro de mim entre canções e lembranças. Tipo: vou? não vou?

Qual o temor?

Não sei, repito.

Me sinto um privilegiado por honrosamente pertencer à geração dos garotos que como eu amavam os Beatles e os Rolling Stones.

Lá nos antigamente, na juventude, havia a questão que nos era da maior relevância e vital – questão esta que Tavito, um dos nossos contemporâneos, transformou em verso de canção de sucesso:

“Será que algum dia os Beatles vem aqui

Cantar as canções que a gente quer ouvir.”

Tínhamos esse sonho vão…

Vão porque o Brasil naqueles idos era absurdamente fora da rota dos grandes nomes da música internacional.

Particularmente não curto esses megaeventos em estádios pra dezenas e dezenas de milhares.

Talvez seja a idade.

Mas, não só, creio.

Tem um trelelê que não sei explicar.

Lembro que quando os Rolling Stones vieram à cidade de São Paulo pela primeira vez fui vê-los no Estádio do Pacaembu. Os recursos tecnológicos eram escassos, uns telões chinfrins. Tarde/noite chuvosa. Rita Lee fez o esquenta para a banda inglesa. Eu estava na maior expectativa, enfrentei um perrengue no trânsito e depois para estacionar o carro – e pouco ou quase nada vi do show.

Não gostei do meu lugar.

Fiquei zanzando pelas arquibancadas lotadas.

O gramado estava encharcado. Sequer me imaginei por ali.

Olaiá.

É provável que eu não estivesse num bom dia.

Quando foi isso, meu Deus?

1995, creio.

….

No dia seguinte, encontrei alguns colegas da Agência Estado que foram à mesma apresentação – e todos estavam em êxtase.

Escreveram maravilhas,

Ansiavam por outras tantas atrações interplanetárias.

Não quis ser o estraga-prazer.

Me fechei em copas. Concordei publicamente com tudo o que disseram.

Entendi que o chatonildo da vez – e de sempre – era eu.

Eu e minhas tribulações existenciais.

Vejo no zap que os amigos que foram ver Sir Paul McCartney em SP saíram de lá bem felizes.

Divertiram-se na busca por um melhor lugar na pista.

Comemoraram até a lotação do estádio.

– Tá tudo cheio, disse um no grupo Dinossauros do Rock.

E obteve como resposta:

– Você é grandão. Vai abrindo espaço. Kkkkkkkk

Imaginei a cena.

E me diverti.

Alguns se espantaram com a capacidade física e agilidade ‘do velhote de 81 anos’.

Para muitos, foi uma catarse – inclusive para o Casagrande em sua coluna no UOL.

Uma celebração.

Inesquecível.

Escolheram, sem unanimidade, como o melhor momento a eterna Hey Jude.

Amaram fazer coro com Paul no ‘lalalaaaaa, Hey Jude’ na parte final da canção.

Alguém falou que foi o encontro de sete gerações – os que nasceram nos anos 40, 50, 60, 70, 80, 90 e na primeira década deste século.

Impressionante, não?

Comprometo-me, diante dos amáveis leitores, a conversar mais profundamente com minhas lembranças – e meus fantasmas.

Quem sabe da próxima vez?

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