Foto: Monumento do Ipiranga/Walter Silva
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Quem procura, acha.
Quem guarda, tem.
Tanto cavuquei meus guardados e empoeirados que finalmente encontrei o primeiro texto que escrevi para ser publicado em livro.
Uia…
O dito texto me foi encomendado pela Secretaria Municipal de Cultura sobre o papel dos jornais de bairro na organização social e cidadã da Capital paulistana.
“São São Paulo, quanta dor. São São Paulo, meu amor.”
Pediram-me um depoimento sobre minha experiência profissional como repórter e editor na imprensa dita regional.
Foi pelos idos 1984 e 1985 (ano em que foi publicado o livro Os Jornais de Bairro na Cidade de São Paulo).
O secretário de Cultura era o dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri. Gestão do prefeito Mário Covas.
Vale o escrito para celebrar os 50 anos de jornalismo.
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IMPRENSA DE BAIRRO COMO OPÇÃO PROFISSIONAL
Março de 1974. Lá estava eu na sala de redação de Gazeta do Ipiranga para tentar o sonhado emprego de jornalista, depois de investidas desanimadoras em redações dos grandes jornais que me convenceram que o jeito era procurar um caminho alternativo.
Hoje, estou preste a completar onze anos de jornalismo em imprensa comunitária, durante os quais aprendi significativas lições. A primeira e mais gratificante: poder participar de todas as etapas de confecção de um jornal. A segunda e mais sofrida: por melhor que seja, qualquer projeto editorial torna-se um empreendimento inviável sem uma sólida retaguarda administrativa e publicitária.
Em 1977, eu e dois amigos, também jornalistas, criamos o Jornal da Mooca, com requintes inovadores para os padrões vigentes que, acreditávamos, seriam suficientes para assegurar vida eterna ao nosso combativo tablóide, de bem cuidadas 12 páginas.
Sob nossa responsabilidade, o Jornal da Mooca viveu, a duras penas, pouco mais de um ano e meio. Enquanto o projeto editorial concentrava a atenção dos três “quixotes” – longas discussões de pautas, inesquecíveis matérias especiais, irreverências gráficas etc – a resposta publicitária nem sempre equivalia aos gastos da Oficina.
Assim, a cada nova edição o sonho se transformava num incômodo pesadelo.
De volta a Gazeta do Ipiranga, como redator-chefe e, posteriormente, editor e diretor-responsável, fomos gradativamente abrindo as páginas do jornal para o registro da abertura democrática até a mobilização nacional pelas diretas-já, quando o jornal se fez presente desde a primeira hora.
Hoje estou certo de que se pode fazer o melhor jornalismo tanto na Grande Imprensa como em qualquer dos respeitáveis jornais de bairro que existem em São Paulo. Os valores morais, éticos e mesmo profissionais se equivalem para todos os jornalistas.
E, à medida que os jornais de diários e os noticiosos de rádio e TV tornam-se cada vez mais abrangentes, abre-se um espaço sensivelmente maior para a imprensa setorial, que trabalha a realidade imediata do leitor que assim a vê transformada em notícia.
De resto, há nos brasileiros hoje um amplo desejo de organização e participação, sementes de fraternidade, de vida comunitária que os jornais de bairro, sem dúvida, ajudaram a cultivar.
Como alguém ensinou,
“Para ser universal, basta falar da sua aldeia”.
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TRILHA SONORA – 1974
Confiram:
– Às Margens Plácidas do Ipiranga (coletânea, 1997)
– Meus Caros Amigos. Crônicas sobre jornalistas, boêmios e paixões (2010)
– Das Coisas Simples, Sensatas e Sinceras (e-book/2012)
– Pela Janela do Mundo. Ou o Mundo pela janela (coletânea, 2019)
Também minha dissertação de mestrado ‘Museu do Ipiranga – A Nova Imagem de Uma Instituição Centenária’ foi embasada fortemente pela minha vivência no bairro histórico.
Outras tantas historietas nos meus outros livros e também aqui, no Blog, como o amigo leitor bem sabe, têm inspiração direta da épica jornada que vivi nos dias da velha redação de piso assoalhado e grandes janelões para a rua Bom Pastor.
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O que você acha?