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23 de abril é Dia de Jorge

Foto: Castelo de São Jorge em Buda, Hungria/Arquivo Pessoal

Minha devoção a São Jorge começou muito cedo.

Ganhei uma imagem do santo_guerreiro no aniversário de 4 anos.

Foi a amiga da minhã mãe, a Olga, quem me fez a surpresa.

Aliás, trato do assunto na crônica “Salve Jorge”.

(Clique AQUI para ler)

Quando completei nove anos, o pai me deu permissão para ir sozinho ao Parque da Aclimação, palco de nossas brincadeiras e principalmente do futebol no fim da tarde.

O Parque ficava a 600 metros de casa.

Impôs duas condições, no entanto.

1 – que eu olhasse para os dois lados ao atravessar a rua Antônio Tavares;

2 – que eu não me aventurasse a nadar nas águas barrentas do Lago da Aclimação.

De quebra, ele e a mãe me presentearam com um cordão de ouro com a medalha do santo.

Teve vida curta a correntinha.

Numa das tantas travessuras do meu tempo de criança, cheguei em casa sem a dita-cuja no pescoço.

Ouvi um sermão daqueles da Dona Yolanda, minha mãe.

E o negativo balançar de cabeça do pai, naquele silêncio que lhe era costumeiro – e tanto nos dizia, a mim e as manas.

Continuei devoto de São Jorge mesmo quando um dos meus amigos, o Claudinho, me garantiu que todas as bênçãos do santo eram para o Corinthians. Como prova irrefutável, lembrou que o estádio onde o Corinthians jogava tinha o nome do santo: Parque São Jorge.

Desconfiei. Mas, fiquei na minha.

Respondi que, se fosse assim, ele, corintiano que era, não poderia beber o guaraná_caçulina da Antárctica. Visto que o estádio do Palmeiras chamava-se, então, Parque Antarctica.

Não sei por quais rumos tomou aquela conversa.

Continuei devoto de São Jorge.

E o Claudinho a consumir o delicioso Caçulinha.

Devia ter uns 17 ou 18 anos, já havia terminado o curso médio no colégio marista Nossa Senhora da Glória, quando veio a notícia de que a cúpula da Igreja Católica havia “cassado o mandato” (a expressão estava em moda à época em função da ditadura) de alguns notórios santos.

Alguns que eu me lembre eram Santa Bárbara, São Cristóvão, São Sebastião, Santa Filomena e o Menino Jesus de Praga.

São Jorge estava nessa lista.

Fiquei um tanto confuso.

Pensei em procurar o Irmão Fidélis dos meus tempos de Glória para os devidos esclarecimentos.

Não foi preciso. Dona Yolanda me tranquilizou.

“Santo é santo, filho. E sempre será.”

Adulto já, andei pelo mundo – e onde fui vi que a santa Dona Yolanda tinha razão. Em algum canto de alguma igreja em algum país, há inevitavelmente uma referência a São Jorge. Vale para a Itália, a França, a Espanha, a Grécia entre outros países prioritariamente católicos. É o santo padroeiro da Inglaterra e de outras cinco nações (que não visitei) – Geórgia, Lituania, Sérvia, Montenhegro e Etiópia. Na Hungria, em Buda, há uma enorme estátua do Santo Guerreiro no páteo do castelo que leva o seu nome. Também em Portugal existe o Castelo de São Jorge que visitei num dia ensolarado e místico.

Lá, comovido, lembrei a fala da mãe:

“Santo é santo, filho. E sempre será.”

Todas as manhãs, diante da septuária imagem de São Jorge, faço uma brevíssima oração ao passo, ao caminho, à jornada. Pelas pessoas que amo – e também por aquelas que me querem bem.

É isso, amigos.

Que São Jorge nos guarde e nos guie.

Que nunca nos falte!

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