Foto: Chico Buarque em Roma, 1979/Facebook/Acervo Mondadori
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Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Quem aí, da turma dos +70, em pé ao lado da rústica carteira de madeira do grupo escolar, não foi instado a declamar, no compasso ritmado pela ameaçadora régua da professora da disciplina de Oratória, os versos derramados do poeta romântico Casimiro de Abreu?
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Sei, sei…
Eram outros tempos.
O mundo era outro.
Desconfio que há muito sequer existem aulas de oratórias no currículo do primeiro grau das novas gerações.
Enfim…
Sou mesmo um areal de recordações.
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Lembranças singelas provocadas pelo novo livro de Chico Buarque de Holanda
Falo de Bambino a Roma.
Trata-se de uma deliciosa viagem às reminiscências do autor, no tempo em que garoto ainda – entre 9 e 10 anos -, morou na Itália.
O pai de Chico, o professor Sérgio Buarque de Holanda, foi lecionar em uma universidade de Roma e, assim, levou junto toda a família para morar na Cidade Eterna.
Um relato primoroso que navega travessamente entre a realidade e a ficção.
Me soa reduntante elogiar uma obra de Chico Buarque, mas vá lá…
Divirtam-se.
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Fica aqui minha sugestão de leitura, feita, aliás, com algum atraso por puro constrangimento do blogueiro que se perdeu nas próprias recordações. Também porque é uma ousadia comentar apropriadamente sobre autor e tema.
Em ambos os casos, sou suspeitíssimo.
Adoro.
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Em tempo
Só fui conhecer Roma depois dos 40 anos.
Meus limites geográficos e existenciais até os 13 e 14 anos não ultrapassaram o triângulo compreendido entre o Parque da Aclimação, a várzea do Glicério e os “sete campos”, no final da rua Independência.
O futebol, desde então, era paixão e vida.
Mas, detalhe importante. Eu tinha uma possante Monark, aro 22, breque nos pés.
Sobre duas rodas, ziguezagueava por toda essa área, livre, como se fosse o senhor do meu destino e dos meus quereres.
Não sei…
Penso que a leitura das 158 páginas das aventuras, vividas e inventadas, pelo menino Francisco em Roma revigoraram o moleque Tchinim que ainda guardo em mim.
No cursinho. a professora Isadora, de Literatura, dizia que “o bom texto é aquele com o qual você se identifica, envolve e lhe projeta outros tantos mundos, inclusive os intangíveis”.
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O que você acha?