Foto: Roberto Parizotto/Arquivo
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Perguntam-me em tom cerimonioso em quem devo votar no segundo turno na cidade onde moro, São Bernardo do Campo.
Ficaram para o tira-teima dois candidatos do espectro bolsonarista.
Minha escolha, o candidato do PT, amargou modesto terceiro lugar com pouco mais de 23 por cento dos votos.
O deputado estadual Luiz Fernando, irmão do ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, foi a aposta na cidade que foi ‘‘o berço do PT’’, onde o partido se consolidou logo após as históricas greves dos metalúrgicos.
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Nenhuma surpresa a guinada à direita.
De há muito São Bernardo do Campo deixou de ser “a única cidade contemporânea do Brasil”, como a definiu o notável jornalista Mino Carta na virada das décadas de 70 e 80.
As grandes indústrias bandearam-se para outras plagas na busca de melhores condições de funcionamento – leia-se, pagar menos impostos e ter à disposição trabalhadores menos conscientes dos próprios direitos.
Diria que SBC não chega a ser uma cidade_dormitório na acepção do termo.
Mas, hoje, não é mais o proeminente polo industrial. Tem como principal atividade econômica o serviço e o comércio.
Desde de 2016, o Partido dos Trabalhadores está fora da Prefeitura local.
O alcaide, de então, era o hoje ministro Luiz Marinho.
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Essas coisas todas me ocorreram no embalo da pergunta.
Para a qual ainda não tenho resposta.
Mas, fiz questão de lembrar ao meu amável interlocutor uma crônica antiga de Rubem Braga.
Ele descreve a epopeia de um de seus amigos que se lançou candidato e, como tal, participou de uma manifestação em meio a uma considerável multidão.
Inebriada a turba deu ‘vivas’ e ‘salves’ à fala delirante do tal amigo.
Diante de tamanho delírio, o cronista escreveu:
“Era uma alegria de que eu não participava, mas que olhava com calma, com uma certa melancolia, como achando que o meu povo tinha ficado doido”.
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Viajo hoje para São José do Barreiro.
Tento espairecer e escapar à tal melancolia rubembraguiana.
(O povo anda meio doido mesmo.)
Mesmo assim, prometo, aos meus interlocutores, pensar respeitosamente no tema e, até o domingo da votação do segundo turno, escolher entre o Tá Ruim e o Tá Pior.
Assim é a democracia que tanto prezamos.
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O que você acha?