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Nesses 50 anos de jornalismo, quantas vezes me incumbiram de escrever sobre a cidade.
Repórter que se preze não escolhe pauta.
E assim o fiz dezenas e dezenas de vezes.
Entrevistei prefeitos, vereadores, autoridades outras, artistas, personalidades. Enfrentei o “fala povo” das ruas, listei os problemas, as contradições, os monumentos, as belezas (que são muitas, e nem sempre visíveis). Tentei que tentei (às vezes, em vão) retratar o cotidiano multifacetado, soberbo e único da cidade onde nasci no bairro operário do Cambuci.
Vivi e tentei descrever momentos inusitados,
Ainda agora lembro o rapaz que, a bordo de um possante Corsa, enfrentava firmemente o congestionamento da Avenida Vergueiro com implacável indiferença. O som do carrinho no último volume, a cada semáforo vermelho, a cada parada forçada pela massa disforme de veículos, o homem não titubeava. Sacava um pandeiro sei lá de onde e se punha a batucar no ritmo cadenciado do samba de Adoniran Barbosa que ouvia.
Em qual cidade essa cena seria possível?
Outra lembrança que agora me ocorre é a da série de reportagens sobre os 80 anos da imigração japonesa no Brasil que fiz, ao lado de alguns repórteres, para um suplemento especial da Agência Estado. Fui designado para passar uma semana no Consulado do Japão da avenida Paulista. Deveria entrevistar alguns funcionários de alta patente recém-chegados ao país para as solenidades. A intérprete que me acompanhou se dizia atônita. Repetia a cada entrevista:
“Outro que está encantado com São Paulo. Todos se sentem em casa”.
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Não sei bem o porquê revivo essas recordações neste ensolarado 25 de janeiro.
Há tanto tempo, por forças das circunstâncias, moro em outra cidade…
É provável que não mereça tamanha distinção.
Tentar descrever a metrópole e seus mistérios. A cidade e seus contrastes. A cidade que, é inegável, a todos acolhe – e se fazem paulistanos, vindos de onde vierem,
Confesso ao meus incautos leitores que faço o registro no embalo da ilustração que acabo de receber no zap.
Muitos me enviam a msg com o slogan que revela a verdade de cada um e de todos nós.
Diz tudo:
“Eu amo Sampa”.
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O que você acha?