Sign up with your email address to be the first to know about new products, VIP offers, blog features & more.

Escova e os jornalistas colaboradores

Posted on

Foto: Arquivo Pessoal

Meu amigo Escova, ele mesmo o que se intitula ‘ombudsman do Blog’ e se autoexilou, de mala e cuia na casa da filha, nos arredores de Paris após o impeachment da Dona Dilma, com a célebre frase sobre o futuro do Brasil:

“Daqui pra frente espere a bárbarie! Não gostaria estar aqui para testemunhar.”

Pois é…

O aspirante a profeta deu o ar da graça no zap, ontem, a lembrar-me e palpitar sobre o POST de ontem:

“Sou um jornalista provisionado. Ainda que aposentado e distante das lides e do país, é essa a denominação do registro profissional que consta na minha velha carteira (com prazo de validade vencido) do sindicato”.

– Verdade, respondo a ele. Esqueci-me de tão relevante fato.

“Então, continua o Escova, pode fazer a justa correção na próxima crônica e me citar como bom exemplo e raro exemplar da espécie em extinção. Afinal, vale o registro pois não só o profissional com registro de provisionado, mas o próprio jornalismo está com os dias contados. Concorda?”

Em tom de deboche, pontuo ao amigo que “não somos exemplos pra nada”.

Vivemos o que nos coube viver. No tempo que nos coube viver – e ponto.

Dou outro rumo à convera eletrônica porque sei bem onde o figura quer chegar:

Discutir os rumos do jornalismo que hoje se pratica.

Não que não simpatize com o assunto. Até gostaria…

Mas, sinceramente, na boa, acho desnecessário por ser, simplesmente, inútil.

Desconfio que o malandro_velho do Escova entende o recado, mas faz questão de permanecer tema.

Lembra que, naqueles idos dos anos 70, houve outra categoria de jornalista para driblar os rigores da legislação da obrigatoriedade do diploma para exercício profissional.

Puxo pela memória, em vão.

Pergunto: qual?

Ele todo pimpão, responde:

“Os jornalistas colaboradores”.

Uia.

Como pude esquecer?

Tento descrevê-los.

Era uma fauna de agregados, digamos assim.

Quem comprovasse na Delegacia do Trabalho Regional a publicação de um mísero artigo ou coluna neste ou naquele noticioso, mesmo que de forma gratuita, antes do decreto governamental, poderia arvorar-se o direito legítimo de ser um “jornalista colaborador”.

O prazo era o mesmo.

A documentação deveria ser apresentada até o último dia de 1972.

Quando cheguei à velha redação, já lá estavam alguns senhores nessa condição.

Vale citá-los-los até como forma de homenagem: o prof. Chiquito (professor de educação física e escrevia sobre o futebol de várzea, As 10 notícias que, às vezes, eram nove ou poderiam ser onze), o Dr. Yasbek (médico e colunista social, autor do slogan “Fazer do Ipiranga mais Ipiranga”), o Zé Armando (publicitárrio e provocador, escrevia a coluna Aqui e Agora , o Ruggiero (estudante de direito e colunista de teatro), o Epitácio (contador, falava sobre empresas e negócios), o advogado Laerte Toporcov (o Amigo do Bairro) e Pedro Saliba que por uns tempos escreveu – acreditem! – escola de samba e bocha.

Pode isso, Escova?

Cabia tudo em nosso embornal de sonhos e vivências.

Ainda nenhum comentário.

O que você acha?

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Verified by ExactMetrics