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Que falta de absurdo!

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Foto: Cena da animação Pacífico da Paz

Alguns dos meus cinco ou seis leitores pedem-me explicações.

Perguntam sobre o significado da frase – “Que falta de absurdo” – que usei em um dos meus recentes posts/crônicas.

A frase e o segredo

Na ocasião – antes de ontem, para ser exato -, eu lhes contei das bizarrices que usava para me “inspirar” no início das reportagens que fazia nos idos da velha redação de piso assoalhado e grandes janelões para a rua Bom Pastor.

Era um palavrório mambembe do qual lançava mão achar o tom da narrativa.

Ao fim do texto, eu riscava a bobagem inicial e tudo voltava à normalidade do convencional texto jornalístico.

“Que falta de absurdo!” era uma das minhas epígrafes preferidas.

Não sei exatamente o significado. Sempre me pareceu divertida, e sem propósito. Desta forma, a usava sempre que escrevia sobre algo debochado e sem propósito.

Seu autor – dou-lhe hoje o crédito devido – era o Vieira, barbeiro que durante um bom tempo foi responsável pelo lay-out do cavanhaque que então eu exibia com ares de espadachim de filmes antigos de capa e espada..

Inesquecíveis manhãs de sábado…

Eu batia ponto na barberia do Milton onde Vieira ‘alugava’ uma cadeira.

Tinha horário reservado. 8 em ponto.

Era quase uma terapia.

Milton e Vieira, bons de proseadores. Mas, bem diferente no desenrolar da conversa.

Milton, nostálgico, lembrava que atendera, ‘lá nos antigamente’, o Velho Aldo, meu pai.

Dizia-se corintiano, comentava coisas da vizinhança do Planalto, bairro de São Bernardo do Campo, onde fez sua vida e cultivou grandes amigos.

Seu bordão era o mais tradicional entre os magos da tesoura.

Depois de atender ao cliente, sacramentava em alto e bom som:

“Tá novo de novo.”

Vieira era cearense.

Tinha uma veia humorística, portanto.

Sonhava em ser radialista.Talvez por isso não parasse de comentar desabusadamente os mais diversos assuntos que lhe vinham à cabeça.

Quando alguma coisa não saía da maneira que ele entendia o certo, sapecava a inevitável:

“Mas, que falta de absurdo!”

E logo ampliava a argumentação por outros temas, fossem qual fossem.

Há uns bons anos mudei do Planalto, e não mais os vi.

Não sei se andam por lá.

Não tenho mais o mesmo zelo com a barba.

Deixo crescer à la Homem de Neandertal.

Só quando começa a me incomodar, faço um pitstop na primeira barbearia que encontro.

Enfim…

Assim é a vida.

Assim são os amores e os desamores.

Bom lembrar os amigos neste post/homenagem.

A propósito do Vieira tem outra história que escrevi no Blog em 2009.

Leiam!

Sol no rosto

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