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A Babel em campo

Não sou o Pai da Matéria.

Ele, sim, o grande Osmar Santos, foi o primeiro e o único.

Mesmo assim, vou dar meu pitaco sobre a bolinha que a seleção olímpica vem (não)jogando. Quero defender a rapaziada e explico: quem botou pilha que eles eram favoritos e cousa e lousa foram alguns deslumbrados da imprensa esportiva.

A meninada pode ter ido no embalo, e agora faz o que pode.

A coisa toda não começou ontem.

II.

Já escrevi aqui – e desconfio nem faz tanto tempo assim – que o auge do futebol brasileiro se deu no decorrer dos anos 50 e 60 até a conquista absoluta do tricampeonato em 1970. Eram os áureos tempos da bola de capotão rolando solta nos campos de terra batida da várzea, fonte e origem dos grandes craques de então.

Boleiro era craque, celebridades habitavam outro departamento.

A partir daí, por mil e uma variáveis (inclusive a agonia da várzea pela explosão imobiliária das grandes cidades), veio a derrocada. Lenta, gradual e inconteste; aliás, como atestam os resultados dos nossos clubes e das nossas seleções nas mais diversas competições internacionais.

III.

Vou tentar resumir.

Sempre o que nos distinguiu foi a técnica e foi também a engenhosidade do futebolista brasileiro. Nunca primamos pelo aspecto físico e/ou tático das nossas equipes. Enquanto o jogo-jogado permitiu que assim fosse, éramos favoritos de qualquer torneio que fossemos participar.

O futebol se internacionalizou, e consolidou uma nova forma – mais sistemática e densa – de competir.

IV.

É justamente aí que derrapamos. Até porque, permitam-me o testemunho, os boleiros da década de 70 já não eram tão bons quanto os de antanho. Os da década seguinte – mesmo com o brilhareco de 82, ficavam abaixo dos de 70. Os anos 90, após o baque da Copa da Itália, ainda tentaram alavancar algumas conquistas, mais na base do empenho e do jogo cauteloso. Assim fomos tetra em 94, vice em 98 e penta em 2002.

Justiça se faça: elencamos aqui meia dúzia de jogadores soberbos como Romário, Ronaldo, Ronaldinho, Rivaldo, Roberto Carlos, o inoxidável Cafu que fizeram a diferença.

No entanto, os remanescentes desta geração – Robinho, Adriano, Kaká e o próprio Ronaldinho, entre outros – apresentaram um declínio precoce e, já em 2006, a maionese desandou.

V.

Deu-se o vazio – e acumular sem fim de fiascos que chegou ao fundo do poço como a goleada da Alemanha (7×1) em pleno Mundial, na nossa própria casa.

Nesse balaio, incluam-se tristemente as nossas esperanças na seleção olímpica.
Temos bons jogadores? Diria que sim, é safra promissora. Mas, não se configura uma grande equipe. Não há uma estratégia, menos ainda uma postura solidária em campo. A grosso modo, cada um está jogando – ou tentando jogar – como se estivesse em seu time de origem.

Só que cada clube atua de um jeito.

VI.

E aí é a Babel em campo.

Ninguém se entende, e a bola só chega triscada.

Pior de tudo é que sequer temos o Dunga para colocar nele toda a culpa.

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