A notícia está em todas as bocas, em todas as manchetes: a Câmara vota hoje o fim do mandato do deputado Eduardo Cunha.
Dez meses depois, o mais enroscado processo de cassação que já passou pelo Congresso ainda não tem prazo para terminar. Os aliados de Cunha tramam algumas manobras para ganhar tempo e, se possível, achar uma brecha na legislação para amenizar a pena do parlamentar.
Quem sabe uma suspensão já estaria de bom tamanho?
II.
O jogo é jogado e o lambari é pescado, diz um provérbio popular.
É melhor ver para crer, especialmente nos áridos tempos que vivemos.
Não estou tão otimista quanto alguns amigos, ansiosos para que o deputado seja defenestrado da Câmara e tenha seus direitos políticos também cassados.
Ressoa na minha memória a fala do senador Romero Jucá nas gravações
levantadas pela Lava-Jato:
“Eduardo é Temer. Temer é Eduardo.”
Ou seja, há mais mistérios (e envolvimentos e interesses e o escambo) por trás dessas manobras do que ousa imaginar nossa vã filosofia.
III.
Como sou um homem de Imprensa, chama a minha atenção que os tradicionais meios de comunicação já ‘compraram’ a versão de que Cunha deve mesmo ser afastado. A bem da verdade, não demonstram o mesmo furor com que saíram em defesa do Golpe; mas, se antes eram lenientes com as ações do deputado ainda como presidente da Câmara, agora põem a boca no trombone, e entoam notas e mais notas para a sua saída.
Têm um contraditório aí que eu, um escrevinhador humilde, não consigo entender.
Mudam os passos conforme a canção que melhor lhes aprouver.
IV.
É certo que o Eduardo Cunha deve ser exonerado das funções públicas e arque, civil e criminalmente, pelos abusos cometidos e que as investigações da Polícia Federal conseguem confirmar.
No entanto, convém ficar atentos,
Este é apenas um dos passos para a reconstrução democrática do País.
O Golpismo fragilizou por demais nossas instituições.
