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A charada

No meu tempo diziam chamar ‘charada’ – e, para ser sincero, ruinzinho das ideias que sou, nunca fui o tal e o qual a resolvê-las.

Não sei como hoje chamam esses desafios. Sei que a moça me envia o enunciado pelo whats e provoca:

“Pensa aí e me diz. ”

(Repasso a provocação a vocês. Mas sejam rápidos na resposta.)

RACIOCÍNIO LÓGICO

Nove crianças estão sozinhas em uma casa.

Todas moram lá e estão dentro da moradia.

A primeira está passando roupa.

A segunda está assistindo TV.

A terceira está cozinhando.

A quarta está jogando dama.

A quinta está tomando banho.

A sexta está ouvindo rádio.

A sétima está dormindo.

A oitava está se vestindo.

O que a nona criança está fazendo?

Pensem aí e respondam.

1, 2, 3…

(…)

Antes de anunciar o desfecho, adianto que errei feio na minha tentativa de resposta. E ganhei um sonoro “KKKKKKKKKK” como prêmio de consolação.

“Não são crianças, são miniaturas de adultos” – tentei em vão argumentar em minha defesa.

Mas fui sincero.

“Sou muito sem noção. ”

(…)

Para ilustrar, contei a ela – e agora repasso a vocês – uma história que aconteceu lá nos idos de 60. Tinha 17, 18 anos e o sonho da família era me fazer bancário. Para tanto, prestava todos os concursos possíveis que davam acesso às essas gloriosas (sic) instituições.

Tanto vaguei daqui pra ali, de lá pra cá, que, de repente, me vi fazendo uma prova de conhecimentos gerais que já fizera, semanas antes, em outra instituição. Como me dei o trabalho de fazer a correção das questões – para saber onde errei (e muito errei) e onde acertei – naquele instante nadei de braçada nas respostas e tive a melhor avaliação entre os candidatos à vaga de escriturário do glorioso Banco Português do Brasil.

Passo seguinte. Chamaram-me para a entrevista que, segundo me disseram à época, era um procedimento pró-forma.

Lá fui eu, todo pimpão, dentro de uma roupa social, falar com os bacanudos do banco.

Fui o primeiro candidato a ser chamado – e, diante da banca, desconfio que estava indo muito bem. Até que veio a inesperada pergunta:

“Diga-nos, rapaz, quais as três personalidades que você mais admira na atualidade. ”

Pensei que pensei…

Por fim, abri meu coração:

“Martin Luter King, John Lennon e… Caetano Veloso.”

Fim do sonho familiar de me ver bancário.

(Não fiz de propósito, juro.)

(…)

Quanto à resposta, a minha foi: a criança que falta está armada até os dentes, pondo ordem na casa.

Errada, óbvio.

A resposta certa é:

A nona criança está jogando dama com a quarta criança.

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