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A cidade onde moro… (2)

VI.

Detalhe.

Não havia financiamento do BNH para imóveis usados.

Quem viveu esse tempo deve se lembrar.

Em Sampa, quando se achava algo em construção, era fora do meu aporte salarial.

Já São Bernardo do Campo vivia uma ‘explosão’ em termos imobiliários.

Não foi difícil arranjar um sobradinho na pinta, numa rua sem-saída, mas bem acolhedora no km 18 da via Anchieta.

VII.

Tirei de letra morar no ABC.

Trabalhava no Ipiranga. O trânsito não era tão ‘pegado’ como o de hoje.

Quinze, vinte minutos de Anchieta – e logo estava na redação.

Ademais, ganhei um belíssimo argumento que logo apresentava a quem torcia o nariz sobre o lugar da minha nova moradia.

Embalado pelas manifestações dos metalúrgicos contra a ditadura em que vivíamos, o jornalista Mino Carta escreveu em um de seus notáveis artigos que São Bernardo era a única cidade contemporânea do Brasil.

Como desdizer um dos principais jornalistas do século 20?

VIII.

Querem mais.

Em 85, ganhei outro argumento irrefutável.

Nas urnas, os paulistanos consagraram o retrocesso ao eleger Jânio Quadros prefeito de São Paulo.

Foi o que bastou.

— Por isso, o meu auto-exílio em São Bernardo, meus caros.

Convenhamos.

Eu tinha lá minhas razões.
Não dá para morar em uma cidade que, no ano em que o País consegue se livrar de uma ditadura barra-pesada, escolhe o mais conservador dos candidatos para prefeito.

Mesmo a contragosto, à época, todos concordavam comigo.

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