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A cidade onde moro…

Vale para este humilde blogueiro.

Vale para quem, por descuido ou fantasia, lê essas maltraçadas.

Seguinte:

Quem descansou, descansou.

Quem não descansou, só nas próximas férias.

Retorno ao blog falando da cidade onde moro e que voltou ao noticiário no início deste ano, pois hoje aqui reside o mais ilustre dos brasileiros.

II.

Vim para São Bernardo do Campo no século passado, em 79.

1979.

Explico logo.

Não foi a mobilização dos metalúrgicos do ABC, comandada por um líder sindical, de nome Luiz Inácio Lula da Silva, que para cá me trouxe.

Estava mesmo fugindo dos aluguéis.

III.

Revivam a cena comigo.

Morava no Ipiranga, em São Paulo.

Era um dia 10 desses que se perdeu no tempo.

Naqueles idos de 78, o pagamento era feito em espécie devidamente acomodado em um meigo envelope de tom sépia.

Ganhava em torno de 900 cruzeiros – desconfio que era essa a moeda de então – por um mês de denodado trabalho como repórter.

Não era muito, mas também estava longe de ser uma merreca qualquer.

IV.

Saí da redação cheio de planos para gastar a grana. Um bom restaurante depois do cinema, quem sabe instalar um toca-fita na potente Brasília azul-calcinha que eu tinha ou mesmo visitar a La Pizzanina, na rua Augusta, para compra um pisante novo, repleto de estilo.

Puro devaneio.

Mal entro em casa – e quem me espera?

Quem? Quem?

O simpático locador do imóvel da rua Thabor.

Era dia 10 para ele também.

Resultado.

Levou meus sonhos e sete das nove notas de 100 que eu trazia.

Duzentinho era tudo o que me restará para tocar minha vida de recém-casado pelos próximos 30 dias.

V.

A ficha caiu depois desse fim de tarde.

Melhor mesmo seria ir atrás da sonhada casa própria.

Mesmo que demorasse 20 anos – como de fato aconteceu – estaria pagando algo que era meu.

Ouvia essa lengalenga de todos.

Resolvi topar.

* AMANHÃ CONTINUA…

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