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A Copa de 70. Ao vivo, pela TV

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Foto: Seleções de Itália e Brasil antes da final da Copa de 70/FIFA/Divulgação

Meus caros e preclaros,

citei ontem, em meus ruídos sobre a posse do italiano Carlo Ancelotti, a Copa de 70 como momento mágico – e único – do futebol brasileiro.

“Há tempos o futebol brasileiro não desfruta do prestígio de outrora. Deixou de ser único, singular, arrebatador, como na Copa de 1970.”

O amável leitor Azevedo fez questão de me lembrar que aquele foi o primeiro mundial transmitido ao vivo pela TV brasileira.

“Um feito e um grande improviso.”

Tento explicar.

Cito Nelson Rodrigues:

“O homem é sobretudo o passado. O presente pouco importa e o futuro menos ainda”.

E acrescentava o inesquecível jornalista:

“As coisas só tomam o seu exato valor quando evocadas. É a memória que potencializa todas as nossas experiências de vida e de futebol”.

Pois então…

É por isso, caríssimos, que cá estamos nós a evocar as espirais do túnel do tempo.

Saibam os mais jovens, lembrem-se os mais antigos, como foi a primeira transmissão pela TV de uma Copa do Mundo ao vivo para o Brasil.

Deu-se, como dito acima, na Copa de 70, no México.

O fato é que existia apenas um canal de vídeo e áudio, disponibilizado pela Televisa mexicana.

Não existia a tal exclusividade – e três emissoras brasileiras se dispuseram a cobrir o Mundial.

Como fazer?

Simples.

As imagens seriam as mesmas, partilhadas pelos canais 4, 5 e 13.

Mesmo com a transmissão em cores, por aqui elas chegavam em preto e branco.

A narração, sim, era o problema.

Engenhosamente resolvido.

Dividiu-se o prélio em três tempos de 30 minutos.

Locutores e comentaristas alternaram-se equanimente aos microfones.

Pela Bandeirantes, foram Fernando Solera e Rui Viotti.

Pela então TV Tupi, Walter (“tá gordo!”) Abrahão e Geraldo Bretas.

Pela Globo, Geraldo José de Almeida e João Saldanha.

Simples – e sublime.

Um espetáculo.

O mais “atacado” era Geraldo José de Almeida.

Bradava a todos os santos para que não entregasse o microfone ao sucessor com o Brasil em desvantagem no placar.

Não queria a pecha de pé-frio.

Quando a coisa engrossava, não tinha qualquer escrúpulo.

Em pleno transcorrer da partida, interrompia a narração e recorria ao Senhor Supremo para livrá-lo de tamanho agouro.

— Deus me livre de passar o microfone sem que o Brasil faça ao menos um gol!

Outros tempos.

Outro mundo.

Sublime lembrança.

Puro encantamento.

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