“Pão ou pães é questão de opiniães”.
(Guimarães Rosa)
O grande barato das discussões sobre futebol é que todos os argumentos são cabíveis e sustentáveis.
O pífio desempenho da seleção brasileira na saudosa Copa das Copas reflete bem a situação.
Ouve-se de tudo – e um pouco mais para justificar o fracasso que, cá para nós, era previsível, mas não racionalmente esperado.
Durante os dias que antecederam o Mundial e mesmo durante o mesmo – antes da catástrofe – me incomodava a ideia de comparar Paulinho, nosso meia-direita titular, a um Didi, a um Gerson, a um Paulo Roberto Falcão, titulares de outras belas jornadas – e o coração disparava.
Só me acalmava ao lembrar que em, 2002, fomos pentas com Kléberson.
Quando imaginava que, à época, tínhamos Ronaldo e Rivaldo, lá vinha palpitação.
Vai dar certo, pensava otimista.
Não deu – e todos sabemos o quanto foi triste – e ainda é.
II.
Não sejamos injustos em citar só o Paulinho que é um bom jogador.
Nossos craques não são tão craques assim.
Ouço dizer – parece que foi o Zico – que boa parte dos nossos selecionáveis não é titular absoluto no clube onde joga. Exceção a Thiago Silva, Hulk e Fred.
Acho que não é preciso dizer mais nada. Mas digo…
Só mais uma dura constatação: não há ninguém melhor para substituí-los.
O jornalista e escritor Ruy Castro disse, em entrevista no programa do Jô Soares, que nossos craques gastaram mais tempo no cabeleireiro do que treinando.
Faz algum sentido.
III.
Como sempre, boa parte da lídima representante da opinião pública, a imprensa esportiva, culpa a trinca Felipão, Parreira e Murtosa pela tragédia nacional.
Foi assim em 2006 com Parreira, em 2010 com Dunga e agora assim o é.
Promovem o linchamento público e livram a cara, mesmo sem querer livrar, dos Marins e Del Neros da vida e da CBF que, prontamente, anunciam uma faxina na CBF para que o futebol brasileiro, este desvalido, recupere a supremacia das Américas, do Planeta e, quiçá, do Cosmo.
Falam em técnico estrangeiro – ulalá! – e grandes transformações estruturais.
Fingem tudo mudar desde que se eternizem nos cargos, e deixem tudo como está.
E vida que segue.
IV.
Hoje recomeça o campeonato brasileiro – e, acreditem! – recomeçam as discussões.